JURA SECRETA

Ainda hoje, passado tanto tempo, se arrepende do beijo que não roubou, não importava que ela não assimilasse, pelo menos teria tentado. Pensava na música famosa e admitia e o cegava fora o brilho do olhar que ele não sofrera.

Sou um covarde dizia de si para consigo mesmo. Sim, covarde!, era esse o adjetivo exato, fui covarde, ruminava enquanto romava mais um uísque caubói nacional, ou seria paraguaio? Poderia ter tentado, feito uma promessa, uma jura secreta, um pacto, faltou-me atitude, pensava.

Botou a música pela enésima vez na radiola, o bolachão de Simone com a música de Sueli Costa e Abel Silva, e quando ouviu o verso, "Só uma palavra me devora, aquela que o meu coração não diz", ele chorou. Era um covarde. Encheu a cara. A ressaca foi de lascar o cano. Haveria outras. Era uma jura secreta, beber, roer, se martirizar, lembrando uma certa morena.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 14/06/2015
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