NOITE DE INSÔNIA
Esta noite passei meio que em claro.
Vigília? Farra? Balada?
Nada disso! Apenas não dormia.
Virava-me na cama, de lá para cá,
procurando uma posição mais confortável,
quiçá relaxante... e nada!
O danado do sono não vinha me visitar!
Contei carneirinhos...
Fiz e refiz minhas contas pendentes.
Aí é que tornou-se difícil conciliar o sono!
Hoje em dia, com a vida “pela hora da morte”,
quando você resolve computar os prejuízos,
descobrir uma forma de correr atrás,
pode contar com a interminável insônia,
sem dúvida nenhuma!
É melhor esquecer!
Esquecer...
Mas, esquecer-me do quê, afinal?
Tenho uma vida mais ou menos confortável,
casa e comida o quanto quero e preciso,
uma renda mensal e fixa, que não é nada,
comparada à dos Políticos Brasileiros,
dos Jogadores de Futebol (alguns),
Cantores sertanejos e por aí vai...
Mas que é o suficiente para os 30 dias do mês.
Sou saudável, não preciso
tomar remédios com freqüência,
faço minhas duas horas de caminhadas
diárias, em ritmo acelerado, porque gosto
e me faz muito bem,
tenho todos os membros e órgãos em forma,
Vivo bem comigo mesma
e com os que me rodeiam.
Então... por quê essa ansiedade, essa sensação
de que algo está faltando a minha vida?
Não sei... mas quem sabe?
Todas as pessoas têm seus momentos
de angústia e de solidão,
mesmo quando acompanhadas.
Isso faz parte da rotina diária de cada um.
Um dia você se encontra bem, exultante,
cheio de entusiasmo!
E, no outro, sem descobrir o verdadeiro motivo,
você acorda com uma sensação de
desconforto, cabisbaixo, angustiado.
Triste, sem ânimo sem vontade de ser,
envolto em uma névoa de dúvidas
e questionamentos que aflige e atordoa.
Infelicidade??
Talvez, naquele momento sim!
Mas a verdadeira Sabedoria
é você desvencilhar-se de todos esses nós
que o sufocam, nublam a sua auto-estima,
deixando-o lá embaixo,
encolhido, enclausurado em seus pensamentos,
que o magoa e enfraquece.
Sair dessa armadilha que a existência
lhe prepara, muitas e muitas vezes...
Sacudir a poeira da auto-piedade,
levantar a cabeça, com orgulho de ser
VOCÊ mesmo, um elo na multidão,
um Ser completo e necessário dentro
do contexto da humanidade e seguir adiante!
Lutar contra tudo e contra todos,
a favor de sua evolução mental,
material e espiritual
É a meta final!
Sentir! Chorar! Retroceder!
Perdoar! Pedir perdão.
Você não é melhor do que ninguém! E nem pior!
As pessoas, embora seres humanos semelhantes,
são diferentes em sua maneira de pensar,
de ver e analisar os fatos
que se descortinam a sua frente.
E a análise de um determinado acontecimento
é o prelúdio da opinião formada e concreta
de tudo o que acontece a sua volta
e que faz a sua personalidade firmar-se,
com coerência, com senso de justiça
e como pessoa de Bem.
E assim, enveredando-me por essas considerações rotineiras, eu, mesmo com dificuldades para retomar minha noite de sono,
senti-me muito melhor comigo mesma.
Refletir faz bem!
A reflexão é aquele momento em que você
deixa de pensar na vida dos outros para
fazer uma auto-crítica de sua própria vivência.
Pensei... repensei, não conseguia mesmo
que o sono me alcançasse, então desliguei-me,
(ou desencanei, como diz os jovens).
Fui até a cozinha preparar um café,
quentinho e saboroso.
Quatro horas da manhã!
Enquanto a cafeteira se incumbia do preparo de meu cafezinho, cheguei até a janela da sala,
que dá para a rua principal!
Afastei as cortinas e, no escuro da sala,
fiquei observando as pessoas
que ainda encontravam-se na boemia.
A cidade fervia àquela hora da madrugada.
Fim de noite!
O pipoqueiro ainda estava com seu carrinho
de pipocas estacionado na calçada.
O bar em frente ainda com as portas abertas,
atendendo os últimos clientes.
Um casal, um pouco alterado,
talvez pela longa noite de bebedeira,
discutia entre si.
Gritavam um com o outro e eu via o momento
em que ele a agrediria aos tapas.
Mas em determinado momento,
quase às vias de fato, eles se entenderam,
trocaram um longo beijo e saíram abraçados.
Provavelmente para uma madrugada de Amor.
É! O Amor fala mais alto em qualquer situação!
Fechei as cortinas novamente,
o café já estava pronto.
Enchi uma caneca de uma fumegante,
preta, forte e boa bebida brasileira,
sentei-me diante do computador, procurei inspirar-me, usando a minha tendência
em transformar fatos e observações em Poesia
e resolvi escrever.
Mais um Poema na madrugada!