Minha Preguiça
Travei ao longo da vida uma luta ferrenha com a preguiça e em várias batalhas saí ferido, combalido, mas venci usando minha arma especial: meu senso aguçado de responsabilidade. Porém, depois de tantas batalhas, acabei vencido e me rendi a ela, a preguiça. Hoje sou seu prisioneiro. A preguiça, como tudo na vida, também se especializa. Eu não tenho preguiça de andar a pé de 6 a 8 quilômetros por dia, de ir à academia de 3 a 5 vezes por semana e de dar duas voltas por semana de bicicleta em torno da lagoa da Pampulha, como faço atualmente, mas morro de preguiça de trabalhar. A minha preguiça é de ofício, pois deste sempre tive aversão.
Eu e minha esposa criamos nossas três filhas que já são adultas, graduadas, pós-graduadas e casadas, são cidadãs do mundo. Já sinto aquela sensação da missão cumprida e adquiri o direito de curtir a preguiça. Enquanto não estou andando, pedalando ou malhando, estou lendo um bom livro, assistindo à TV, navegando na internet ou simplesmente jogando paciência e retribuindo a paciência que minha esposa tem comigo. Isto que é vida, poder curtir sem culpa a preguiça. A minha sensação é a de quem ganhou sozinho na loteria e eu sempre sonhei com isto. Dizem que o universo conspira a nosso favor e que de alguma forma ele realiza nossos sonhos, desejos e projetos.
Agora, apesar de toda atividade física, continuo travando luta com a obesidade. Já perdi várias batalhas, mas ainda não perdi a guerra. Que me ajude o universo e não me atrapalhe a preguiça. Vou lutar até o apagar da velha chama.