Antônio: o santo
              das coisas perdidas


          1. Como ex-seminarista franciscano, outro não poderia ser o meu santo predileto, senão Francisco de Assis. Mas sem diminuir a paixão que alimento pelo Poverello, dois outros santos seráficos são por mim publicamente venerados: Santa Clara de Assis e Santo Antônio de Pádua. As histórias desses dois taumaturgos são sensacionais.
          2. A de Clara, pelos lances românticos e surpreendentes que a reveste, poderia perfeitamente servir de tema para uma minissérie nas TVs.
O telespectador, mormente aquele menos ligado nas coisas da Igreja Católica, tomaria conhecimento da conversão apoteótica da rica e bela Clara, depois de se apaixonar pela pregação piedosa e pelo bonito exemplo de vida de uma jovem de sua cidade chamado Francisco, o pobrezinho de Assis.

          3. A televisão brasileira, que, nos últimos tempos anda numa pior, utilizaria seu formidável elenco de artistas para, além de contar a história da converção de  Clara de Assis, homenageá-la como a sua padroeira. Esse título lhe foi dado pelo Papa Pio XII, por Decreto de 14 de fevereiro de 1958.
          A minissérie também contaria, claro, por que Clara de Assis fora escolhida pela Igreja como a Padroeira da Televisão. Muita gente ficará impressionada com o episódio que a fizera merecedora desse honroso título.
          Mas, enquanto tal não acontece, resta a nós, devotos de Santa Clara, pedir a essa simpática santa seráfica uma televisão melhor.
          4. Clara nasceu em Assis no dia 16 de junho de 1193; morreu no dia 11 de agosto de 1253; e foi canonizada no dia 11 de agrosto de 1255 pelo Papa Alexandre IV.
          Nascida Chiara d´Offreducci, ela foi a fundadora, com a ajuda de Frei Francisco de Assis, a Ordem das Clarissas.
          5. Salvador, a capital da Bahia, e aqui vale recordar, foi a primeira cidade brasileira a ter uma casa das filhas de Santa Clara, lá pelos anos 1677. Foi construído um lindíssimo convento, o Convento do Desterro, no bairro soteropolitanos de Nazaré. No momento, segundo alguns jornais, esse mosteiro está quase desabando, o que não deixa de ser uma vergonha.
          6. Mas o assunto hoje é Santo Antônio e não Clara de Asis.  Nada de falar sobre Antônio, o santo casamenteiro, um assunto exaustivamente explorado no Dia dos Namorados. 
          É sobejamente sabido que Antônio de Pádua não se preocupa somente em arranjar namorados ou fazer bons, felizes  e indissolúveis casamentos. Ele também é o santo que ajuda a encontrar as coisas perdidas.
          7. Já ouvi muita gente invocá-lo quando perde uma joia, um livro, os óculos, a chave de casa, etc., etc. E, não raro, esse pedido é imediatamente atendido, merecendo o santo um carinhoso agradecimento.
          8. Por que Antônio de Pádua é o santo das coisas perdidas? Vou dizer, resumindo a lenda.           Conta-se, que Frei Antônio dava aula de Teologia para os frades num convento em Montpeilier, quando, de repente sentiu falta do seu Saltério.
          Prossegue a lenda: um noviço, seu aluno, deu a louca e fugiu da Ordem levando o Saltério do Mestre, "com preciosas anotações pessoais que o monge utilizava nas suas lições."
          9. Frei Antônio não se exasperou. Rezou, pedindo a Deus a devolução do seu Saltério e foi prontamente atendido. Ainda a lenda: enquanto o noviço fugitivo passava por uma ponte, foi subitamente tomado pelo pavor, parecendo-lhe ver o demônio na sua frente, que o intimava: "ou você devolve o Saltério ao Frei Antônio ou vou jogá-lo da ponte para o rio."
          Assustado e arrependido, o jovem frade retorna ao Convento com o Saltério e confessa sua culpa ao seu irmão de hábito, Frei Antônio.
          10. Uma bela lenda que, há milênios vem sendo contada. Pode ser uma gostosa e inofensiva mentirinha. Mas, com certeza, ajuda o cristão a acreditar na providência Divina, principalmente naquelas horas em que, como entendeu Santo Antônio, só o Céu tem a solução, depois de uma oração sincera.
          11. Meu caro devoto antonino, assunte só: não recorra a Santo Antônio apenas quando perder os óculos, a chave de casa, o celular.           Recorra a ele quando perdeu um grande amor; quando perdeu a paciência; e quando, se for o caso, perder o Juízo...     
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 12/06/2015
Reeditado em 12/06/2015
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