CENAS URBANAS
Sol à pino. De uma clínica médica, corto a cidade em transversal à fuga de um trânsito tresloucado. Erro de calculo. Encrencado até à garganta. Ainda bem, por pouco “ nem tanto ao mar, nem tanto à terra “.
Qual nada, quase de frente com outro carro menor a se enroscar no meu C-3 . De soslaio, faço que não vejo e ligo o alarme. Acordo, então à realidade:
Portas, se abrem à minha frente. Maroto, procuro demonstrar tranqüilidade em meio à parafernália criada com o trânsito paralisado. Abaixo os vidros e me levanto em direção ao motorista e logo percebo estar diante de um militar ... Balbucio,... estou frito.
Doutro lado, um jovem, claro de aproximadamente de 1,70 com três estrelas amarelas em sua blusa, aproxima-se ao diálogo:
- Olá ...
Mas sem responder, exclamo aos meus botões – meu Deus, encrencado, mesmo, até os rins - e nesta melhor idade não é um bom momento. Pegou mesmo.
Desfila, pelos meus neurônios o que me parecia ouvir:
20 pontos na carteira, advertência, multa e um baita sermão sobre a legislação do trânsito.
- Olá – outra vez me cumprimenta – olá, amigo - respondo.
Balbucio, agora é o teatro das operações. Vem chumbo por aí.
O simpático jovem militar deixa seu carro, liga seu alarme, organiza o trânsito, encara os protestos e abre passagem me deixando quase sem graça ...
Confuso, quase sem saber agradecer, escapo de mansinho tangenciando e monologando - ESTOU SONHANDO, MEU DEUS ???
Cai, então, a ficha e suspiro aliviado: UFA, QUE É ISSO, NUNCA VI COISA IGUAL !
Lembrei-me então da postura cívica-militar de meu pai no Exército brasileiro. E do seu primogênito, quando ambos em vida - também firme nos princípios honrando as fileiras como, advogado, oficial e capelão da briosa Polícia Militar do Estado do Pará...
Parece ser paradoxal à realidade, entretanto, amigos, verdades incontestes.
Às vezes, quando perdemos a maestria e os horizontes se tocam se estreitando ao nada, oásis de valores morais se desenham em nossas jornadas ! ...