Caminhos da vida...

Quando se chega a uma fase da vida, como minha mãe, nove décadas mas dois anos, longa caminhada, vendo-a hoje num leito, debilitada, volta-me o período de infância e adolescência e todos os momentos vividos na família com dez irmãos, onde ela foi o baluarte e o guia permanente, acompanhando diuturnamente o crescimento e a formação de todos.

Sempre dedicada às lidas domésticas, presente até nos temas de casa, das aulas de cada um. O Pai viajava, pouco estava em casa, e os dez filhos vieram num intervalo médio de dois anos cada um. Sou a mais velha da casa, logo, acompanhava a mãe até o momento em que sai para estudar fora. Vem-me à memória, cada etapa da vida, as alegrias, as tristezas quando um irmãozinho estava doente, a falta de conforto daqueles tempos, onde gás, água encanada, energia precária e outras facilidades de hoje, não existiam O pão e as cucas feitas em casa, em forno de lenha. Doces lembranças. Percalços e sofrimentos pela perda prematura do meu Pai, aos 51 anos e após, três de seus filhos, na fase adulta. Vê-la hoje, num leito, ela, uma mulher inteligente, sempre ativa, é um sofrimento para nós. O desejo dela é estar atuando... e suas forças não permitem. Nosso conforto é que não tem doença grave e dores, o coração e pulmão fracos, trazem desconforto e falta de ar. Triste para nós, quando até há um mês , lia o jornal diariamente e contava notícias e crônicas lidas. Orgulho para nós, pelos exemplos de persistência e carinho com que trata seus filhos, netos e bisnetos, hoje deles recebendo muito amor e carinho. Que Deus , na sua infinita bondade, esteja presente, amenizando seu sofrimento e se for sua vontade, que permita que ela ainda permaneça conosco mais um tempo, mas com qualidade de vida e sem sofrimentos. É meu registro de hoje no Recanto das Letras, espaço onde postamos também nossos pensamentos, lenitivo para nossa alma.

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