NABABESCA

Por ser irremediavelmente comum, com as graças da normalidade, sem falsa modéstia, hoje dei com os costados na fila da lotérica, pensando em abocanhar prováveis cinquenta milhões (mais ou menos).

Quem sabe seria a grande tacada! Nem me perguntem o que eu faria com esses nababescos trocados. Diria, conforme a pouco recatada Copélia, "prefiro não comentar"!

Não sou lá grande coisa com números, mas com quantias... penso que saberia transformá-las em quantidades de "cositas", que me agradam.

Eu, naquele momento, não tinha palpites numéricos, tratei de buscá-los imediatamente na memória, já que ficar na fila tanto tempo (longa a bicha), proporcionava pensar em vários algarismos importantes em minha vida de trabalhadora proletária.

Vi, ao lado, a fila dos "preferenciais" caminhando rapidamente. Desdenhei. Achei que seria sacanagem com os outros que chegaram antes de mim e permaneciam indianamente, como pobres mortais.

Mormente, porque penso que esta vida de esperar para ser atendida está por um triz. Basta ser contemplada pela Mega-Sena.

Então... ah, então... soltarei os verbos copelianos. Mostrarei que para saber lidar com números, quando se possui vultosas quantias, nem é preciso fazer curso.

Vide os políticos.

Em tempo: Minhas moedas serão produtos de muito tempo de espera em filas indianas, sem auxílio-jaleco ou auxílio-pó-de-giz, sem ar-split, sem assessores, diferentemente dos apressados políticos.

Dalva Molina Mansano

19:20

10.06.2015

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 10/06/2015
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