L E M B R A N Ç A S

Sempre me espanto com a rejeição dos mais jovens a pelo menos tentar entendar e dar alguma atenção aos hábitos, custumes e memórias dos mais velhos. Não se interessam de jeito nenhum. E, no entanto, mesmo fazendo das tripas, coração, não só respeito mas ouço com atenção os relatos e os usos e costumes dos mais moços, da juventude.

Essa intolerância dos moços em relação aos mais velhos seria um choque de gerações? Não. Apenas a cultura deles, os moços. Uma cultura que prioriza a ruptura com tudo que é antigo. Culpa deles? Não. Culpa da sociedade que falhou na educação dos jovens. Nós, mais velhos, estamos pagando caro por nossa omissão. A maioria dos mais velhos não educou os jovens, não procurou transmitir o essencial: a tolerância, nem transmitiu a eles a cultura necessária. Grande parte de pais, mestres e autoridades deixaram para la os jovens e cuidaram apenas das suas próprias carreiras e nos seus negócios, esquecendo a juventude.

O que mais noto a juventude rejeitar é ouvir um pouco das nossas lembranças, saudades, história. Fico pensando com os meus botões que um dia eles vão sentir o mesmo, a dor da rejieção, se tiverem algum tipo de sentimento porque a mídia e a moda estão até retirando dos jovens a emoção dos sentimentos.

Quanto constato esse tipo de rejieção sobretudo a ouvir um pouquinho das nossas lembranças, priorizando o cotidiano que acham o máximo, eu lembro um trecho de uma crônica de Antonio Maria: "Não desprezeis minhas humildes saudades, mas buscai em vossa meninice, lembranças parecidas com estas e elas vos retituirão um certo apego, um pouco de bem querer aos dias de hoje, tão sem graça na sua maioria". Mas é impossível um moço saber quem foi Antonio Maria.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 10/06/2015
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