Éramos Felizes
Quanta pressa em fazer tudo nessa vida hi-tech.
Até um tempo atrás não fazia mal algum ser incomunicável. Você não perdia quase nada por não atender uma chamada. Se não estava em casa para atender a ligação da empresa que lhe contratou, o RH mandava um telegrama.
Morte em família, em outra cidade ou estado, você ficava sabendo num encontro casual com algum primo, tio ou conhecido.
Como saber da liquidação relâmpago? Perdíamos mas economizamos. Era caro fazer uma ligação interurbana por isso muitas pessoas escreviam cartas, mandavam cartões postais e o nosso Correio era mais eficiente e confiável do que hoje.
Crianças não nascem simplesmente nos dias de hoje. Elas estreiam nessa modernidade toda. Crescem rápido demais sem saber o que é brincar de verdade. Não sabem correr nem brincar de bate palminha. Coordenação motora? Pra que! As pontas dos dedos já bastam. Aprendem o que é o perigo vendo o jornal e assistindo novela das oito que começa depois das nove da noite ao invés dos pais lerem as estórias de João e Maria ou da Chapeuzinho Vermelho. Lembro quando supermercados NÃO abriam aos domingos e as famílias passavam o dia juntos. Esqueceu de comprar o Nescau dos netos? Tinha que ir à padaria mais próxima e buscar, além de pagar quase o dobro. E daí? As pessoas eram mais felizes ... e não sabíamos.