Mas minh'alma...

Hoje amanheci do avesso, joguei para fora todas as minhas vísceras. Nesse instante vi dois beija-flores fazendo malabarismos mágicos diante de cachos de Sapatinho de Judia. O bailado era sincronizado, diria quase perfeito, tal a leveza com que voavam como plumas azuladas. Não sei precisar se eram dois machos ou duas fêmeas, ou quem sabe um macho e uma fêmea em êxtase matinal. Fiquei anestesiado por alguns segundos... confesso que tive uma baita inveja.

Nós, seres humanos, ditos evoluídos, ainda não aprendemos a arte da conquista.

E mais, vivemos em constantes batalhas em busca do Ter a qualquer preço. O Ser fica de lado, quase que escondido de nós mesmos, às vezes o esquecemos por completo e, quando isto acontece, pega mofo. O pior é que o mofo não sai! Gruda como visgo na porta da gaiola.

Brigamos pelo nada, coisas tão miúdas que enojam. Depois choramos como bestas: pelo que foi dito, pelo que não foi falado, pelo que engolimos a seco, pelo que não jogamos fora e até pela morte dos que ainda não se foram.

É preciso lembrar sempre que sonhar e voar, rimam com amar.

Viver só faz sentido quando buscamos a felicidade como meio de vida, coisa que poucos conseguem fazer. Não porque ela seja quase impossível. Na verdade é simples, por isso achamos que não é viável. Está sempre à nossa mão, bem ali, olho no olho. Infelizmente, na maioria das vezes, temos preguiça de estender os braços... como os anéis são pesados!

Aqui, acolá, sonho que sou feliz, quase um anjo.

É uma pena, não sou um beija-flor!

O que era avesso virou verso.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 09/06/2015
Reeditado em 02/10/2017
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