CHAMEM AS PARTEIRAS

Nunca pensei que um dia fosse pedir que se chamassem de volta as parteiras de antigamente para atender às parturientes de grande parte das cidades pernambucanas. É que elas estão sendo transferidas de suas cidades para dar à luz em outras, quando está pintando o momento aí o "sistema"determina para que hospital de outra cidade ela deve ser encaminhada. O motivo é claro: falta obstetras. Não pode haver outro motivo.

Dia desses uma parturiente de Pesqueira foi transferida para um hospital de Arcoverde e deu à luz dentro da ambulância. Pensem no sofrimento, Mas além disso pintou o horror: a crianaça caiu no piso do veículo e morreu. Um absuirdo, um horror e com certeza uma ofensa a Deus.

Sim, eu sei que não podemos culpabilizar os hospitais carentes de médicos obstetras, nem os próprios obstetras que por esse ou aquele motivo nunca estão de plantão, nem as autoridades locais, que a culpa é do sistema público de saúde que não é só ruim é péssimo. E cruel.

Vejam bem, antes havia a CPMF, me parece que criada por pedido do Dr. Adib Jatene, o imposto do cheque para subsidiar a saúde pública. Acabaram. Na verdade era meio injusto. Mas por que não criar algo parecido, cobrando 5% dos lucros líquidos dos bancos, para que se aplique na saúde e resolva seus problemas?

Enquanto não se resolve o problema, lembro a necessidade de se recorrer às parteiras. É algo mais humano que essas transferências. Na ditadura militar, Chico Buarque para poder gravar suas canções assinava com o pseudônimo de Julinho da Adelaide e gravou uma música criticando os milicos e num verso dizia "chamem o ladrão!". No interior de Pernambuco nós temos que gritar bem alto: CHAMEM AS PARTEIRAS! Ah, Pernambuco. Não e imortl, é imoral. E priu.