COMENTÁRIOS QUE REVOLTAM...

Uma grande quantidade de seres humanos está se tornando exatamente o quê? Parece que não possuem mais sentimentos, a dor que os seus semelhantes sentem pouco importa, tudo é motivo de gracejo, ridicularização, violência, crueldade, piada de mal gosto. Vejo isto todos os dias na mídia, nos locais dos comentários que estão logo abaixo das notícias tristes de mortes, acidentes, desavenças, homicídios, suicídios, estupros, doenças e tantas outras causas. São comentários perversos, frios, de péssimo gosto e tão mal escritos que chega a dar náusea no leitor que não compactua com esse tipo de raciocínio e de conduta. A dor humana passou a ser banalizada, vulgarizada em todos os sentidos.

No mês passado, li com absoluta tristeza o caso do estupro coletivo ocorrido no Piauí. Quatro vidas, quatro adolescentes que, além de estupradas, foram brutalmente agredidas pelos cinco homens que as pegaram covardemente. Hoje, uma delas foi sepultada. Não resistiu aos ferimentos. Triste. Muito triste. Uma jovem de 17 anos, cuja vida foi interrompida pela selvageria humana.

Voltando ao tema central desse texto, ressalto a enxurrada de comentários maldosos de leitores, enviados aos sites noticiosos quando da morte do modelo brasileiro Celso Santebañes, o 'Ken Humano'. Por que não respeitar a dor que os familiares e amigos sentiam naquele momento? Por que tanta aridez, tanta crítica maliciosa, tanta falta de sensibilidade? O rapaz de apenas 21 anos de idade morreu de uma doença grave. Nem isso fez estancar a chuva de deboches lançada sob a forma de comentários. Penso que, se não for para falar algo bom, algo construtivo, é melhor que haja o silêncio, que nada seja dito.

Ontem, 7 de junho, um pequeno avião caiu em cima de uma casa, em Belo Horizonte, com 03 pessoas a bordo. Todos morreram. Nem essa notícia tão triste escapou dos mais sórdidos comentários.

Isso é revoltante. E o que me deixa também indignada é o grande espaço dado pelas 'empresas jornalísticas' a essas 'pérolas' que só envergonham a raça humana.

Glaucia Ribeiro (08/06/2015)