AOS NAMORADOS
AOS NAMORADOS
No dia dedicado aos namorados apeteceu-me escrever algo sobre tão doce tema, para todos aqueles que sentem ou um dia se sentiram tocados pelo aguilhão do cupido. Traiçoeiro aguilhão cujo veneno há de transformar e baralhar toda a nossa inocente maneira de ser, antes tão sem cuidados e ausências de preocupações maiores. Fase crucial que estabelece limites de uma vida antes despreocupada e liberta, que girava ao sabor dos corrupios dum pião, arremessado com maestria, ou a correr atrás de uma bola de meia recheada de farrapos, para o sexo masculino, e a sedução do mundo das bonecas para o sexo feminino.
O namoro em tempos outros tinha um sentido diferente aos dias de hoje. Namoro não pode ser apenas atração física, tem de ter outros sentimentos à mistura que transcendam a paixão. Tem que haver o encanto, o mistério. Sem esses ingredientes não pode haver ou nascer o amor, e logo, logo, tudo vira cinzas.
Saúdo aos namorados, e namoradas, no dia a eles dedicado; saibam curtir os belos momentos, embora saibamos que todo este enredo romântico não passa de ardilosa maneira que a natureza urde e tece nas suas entrelinhas no mais engenhoso tear, para assim construir a teia que nos há de envolver, e quando disto tomarmos consciência, estaremos tramados, irremediavelmente tramados.
Segundo o dicionário, namorar é afeiçoar-se, ficar encantado, apaixonar-se, enamorar-se, etc. etc.
“ Antigamente, o namoro expressava o ato de cortejar a pessoa desejada sem implicar qualquer tipo de intimidade. Esse conceito ainda se aplica quando alguém cobiça algo que deseja obter”.
Mas que o namoro à moda antiga tinha mais encantos, lá isso tinha. Por exemplo, as serenatas à amada;, quanto romantismo, mesmo quando o pai da donzela incomodado com o barulho das cantarolices a desoras, ou porque não simpatizava com o romeu apaixonado pela filha, despejava lá do alto da janela uma generosa penicada de urina sobre o dito cujo.
Quantas histórias de namorados, poderíamos aqui aduzir! Quantas doidices e imbecilidades um iniciado nas coisas do amor comete, às vezes destituído de qualquer senso do ridículo. Ainda assim, é bom recordar, certamente...
Penso que há duas coisas que nivelam o ser humano independente do seu estatuto social, rico ou pobre, culto ou inculto, nobre ou plebeu, que são as coisas do coração, e a morte. Nós seres humanos somos assim, é nossa condição, e ainda bem, pois, do contrário, a vida seria um deserto, uma seca, algo sem graça, talvez sem aquele sentido que costumamos lhe dar, Homem e mulher seres que se completam cujos destinos paralelos em determinado momento se cruzam para construírem a tarefa que lhes foi confiada. Assim é a vida - distância de curta medida a ser cumprida.
Parabéns, pois, aos namorados no dia a eles dedicado, saibam desfrutar e valorizar esses momentos, e que no decorrer da vida não deixem apagar a chama do amor, visto que paixão é como fogo de palha...
Eduardo de Almeida Farias