ANGU QUENTE
Todo homem, por mais radical que seja, possui a sua porção ternura, lembremos o Che: "É preciso endurecer, mas sem perder a ternura jamais".
Conheci um velho em Pesqueira que quando se deparava com alguém arrotando valentia dizia que angu quente se come pelas beiradas para não queimar a língua.
Longe de mim defender o cara bundão, omisso, covarde, morto nas calças... Mas o homem precisa ser tolerante porque ninguém é pai da matéria e nem palmatória do mundo. Todos na Hora H possuimos nossas fraquezas e lampejos de bravura. Somos humanos.
Vejo algumas pessoas, principalmente graúdos, arrotando uma valentia que não possuem. Falam brabo que nem um siri zangado, mas é só bocão, na hora do pega pra capar se borram todinhos, é aquele melelê. Essa transa de valentia é algo muito discutível. Uma coisa é ser justo, altivo, possuir brio, outra coisa é ser metido a valeinte de marré-deci.
Havia um jornalista, fato acontecido em 1963, muito agressivo, era íntimo do esquadrão Le Coq, defensor intransigente do golpismo, vivia na imprensa, principalmente na revista O Cruzeiro ofendendo João Goulart e Brizola. Pelo que escrevia era mesmo o cão chupando manga de valente. Mas um dia ele se encontrava no Aeroporto do Galeão, sozinho, sem ninguém do esquadrão, e aí. tem sempre um aí, Brizola vinha chegando e avistou-o, foi até ele e mandou que escolhesse em que lado do pé do ouvido queria lev ar um soco. O valiente ficou paralisado do popular medo e Brizola meteu-lhe a mão no pé do ouvido. Depois disso e da inchação, ele ficou maqis agressivo,mas pela imprensa, e nunca mais andou sozinho.
Brizola era um cara pacífico mas tinha brio e não levaqva desaforo para casa. Na verdade Brizola comia angu quente pelas beiradas para não queimar a língua, mas na Hora H tinha mesmo coragem.