A lei da vida

Eu sempre procurei um fórmula, sempre procurei uma forma, uma passagem mágica, um caminho escondido que me levasse onde eu queria...

Com o passar do tempo eu descobri que esse caminho não existia, mas eu preferi continuar acreditando na sua existência, pois essa esperança era tudo o que eu tinha.

Eu sempre procurei acreditar que eu poderia fazer uma ponte de pessoas e que com essa ponte eu poderia atravessar os mais turbulentos oceanos de minha vida, que as pessoas daquela ponte sempre me sustentariam, que seriam meu apoio e que nunca me deixariam cair...

Mas com o tempo eu descobri que essas pessoas não existiam, que todas elas não faziam parte de mim e que um dia ou agora elas me abandonariam.

Eu fiz uma fortaleza com a minha própria vida, eu me fiz de escudo e pensei que ninguém poderia passar de mim e entrar no meu coração...

Mas mais uma vez, eu me enganei e descobri que ninguém é inalcançável que todos nós temos o nosso ponto fraco...

Eu, eu construir uma fortaleza e ela me separaria desse mundo, e essa fortaleza dividiria minha vida da vida das outras pessoas, e eu seria apenas eu, e ninguém invadiria meu espaço, mas como o muro de Berlim a minha fortaleza foi derrubada, e eu não sei como, nem onde...

Agora estou perdida em meio a tudo isso que me cerca, esse círculos de pessoas em movimento e eu no meu inerte, olhando e observando...

Eu pensei que eu seria sobrevivente, pensei ser imune, pensei ser intocável...

Mas meu coração é sensível a toque como o de qualquer humano.

Pensei está escondida e camuflada, velada, mas descobri que me veem e que não sou invisível...

Descobri uma passagem secreta em que a luz penetra e ilumina esse túnel frio e escuro...

Descobri que de alguma rocha brota um tipo de agua cristalina, e que o calor do sol atravessa a terra...

Descobri partes de um lugar em que sempre vivi e nunca explorei...

Dentro de mim,

Dentro de mim há algo, e esse algo é quase indescritível, incompreensível, enigmático ...

Então quando a chuva cai eu fecho os meus olhos, eu me prendo nesse breu e me imagino debaixo da chuva, sentido cada gota macia que cai do céu regar a minha alma e ouço o barulho que estronda fora da caverna... Eu sinto a chuva lavar o meu espirito, sinto apenas nos duas: Eu e a chuva, vivendo sob o céu sem medo das trovoadas, dos relampejos e dos raios...

E delicadamente algo leve brota em meu rosto, um pequeno sorriso regado de lágrimas, e eu e a chuva choramos juntas, pelo que nós duas não conhecemos bem.

E então quando a chuva vai, mais uma vez eu fico sozinha e eu me lembro do que não sei, e me pergunto os significados das coisas...

E a chuva cai, e molha outro mundo, mas os outros mundos não são meus.

E eu aguardo novamente a chuva e a espero como se espera com uma esperança ilimitada.

Até que a chuva volte e regue o meu mundo mais uma vez...

Andrea A Gonçalves
Enviado por Andrea A Gonçalves em 08/06/2015
Código do texto: T5269962
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