Surpresa: enfim, um acalento da política.

 
A surpresa sempre nos deixa em estado de alerta, pois pode ser agradável ou pesarosa. Mas no âmbito da política a tendência tem sido de causar mais espanto do que acalento. Mal recuperamos do assombrado, famigerado ajuste fiscal, tomamos consciência do novelo de obscuros contratos milionários entre o jovem empresário conhecido no meio político como Bené e órgãos do governo federal. O fio desse novelo enreda o governador mineiro e sua esposa. Apesar de o recém-eleito governador ter se explicado e negado a participação de sua esposa em cadeia nacional, a revista “Isto É” dessa semana retomou as denúncias de possíveis envolvimentos nas fraudes do Bené, dessa vez, não apenas da esposa, mas também do  governador. As constatações ocorreram após o cumprimento de mandados de buscas e apreensões realizados pela Polícia Federal, em que foram encontrados documentos que comprovam suspeitas dos procuradores responsáveis pelas investigações.
Entre os documentos que vieram à luz, a obviedade veio á tona com um recibo de transferência para o PT de R$ 36,2 milhões de reais. A respectiva transferência fora realizada por uma enfermeira que foi candidata à deputada federal pelo PT nas eleições de 2014. Entretanto quando procurada pelos investigadores a mesma informou que tinha um patrimônio de apenas R$ 295 mil reais, e que conseguira arrecadar apenas R$ 26 mil reais, então como poderia ter doado a imensa quantia de R$ 36,2 milhões? Também ficou constatado noutros documentos que a empresa da esposa do governador era apenas de fachada, ou fantasma. Porquanto que a origem dessa volumosa quantia precisa ser explicada. Além disso, o TCU, em seus relatórios, constatou superfaturamento nos contratos com o Bené que totalizaram exuberantes R$ 546 milhões de reais. Dessa forma, como sobram recursos para o FIES, para acabar com o atendimento nos corredores dos hospitais, para melhorar as escolas e pagar os professores, dessa forma só resta ao governo afiar bem a tesoura, e cortar, picar o orçamento da educação, saúde,..., privatizar a infraestrutura, aumentar a taxa de juros, e nos oferecer o engodo do aumento sobre os lucros dos bancos, que obviamente serão repassados para os clientes.
Contudo nessa semana também veio um acalento da política. Foi promulgada a Lei 13.131/2015 de autoria do senador, Álvaro Dias, que homenageia nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade, ganhamos uma surpresa extremamente jubilosa. Com a respectiva Lei, teremos o dia 31 de outubro como o dia “Nacional da Poesia” e do inesquecível, Carlos Drummond. Que, dentre outras pérolas que nos deixou, destaco em sua homenagem e reconhecimento, compartilho com vocês, uma que me apazigua a alma:
“...Precisamos educar o Brasil, compraremos professores e livros, assimilaremos finas culturas, abriremos dancings e subvencionaremos as elites. Cada brasileiro terá sua casa com fogão e aquecedor elétricos, piscinas, salão para conferências científicas, e cuidaremos do Estado Técnico. Precisamos louvar o Brasil, não é só um país sem igual, nossas revoluções são bem maiores do que quaisquer outras; nossos erros também, e nossas virtudes? A terra das sublimes paixões... os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas... Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado, ele quer repousar de nossos terríveis carinhos. O Brasil não nos quer! Está farto de nós! Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil. Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?” (“Hino Nacional, C.D.A)
Maria Amélia Thomaz
Enviado por Maria Amélia Thomaz em 07/06/2015
Reeditado em 07/06/2015
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