OS BEIJOS PROIBIDOS
Cada vez que "reassisto" ao filme "Cinema Paradiso" recordo do meu passado na minha cidadezinha, parecida com aquela Miraí eternizada na música de Ataulfo Alves, aquele lugar onde a gente era feliz e não sabia. Recordo principalmente do cinema (toda cidadezinha que se prezava tinha o Cine Pipoca de Leila Jalul. Cadê Leila?), a nossa maior diversão (uma das únicas). Era uma espécie de Templo dos nossos Sonhos. Foi sem dúvida também uma espécie de universidade, quem nos punha em contato com o mundo. Foi a nossa maior referência e quem nos deu uma mão de verniz cultural.
Todo menino do interior, pelo menos da minha geração, foi um Totó (o garoto do filme), viveu suas emoções, seus sonhos, praticou suas travessuras e, adolescente, amou sua musa inspiradora. Sonhou demais, até o dia que a realidade fez com que Totó desse tchau à sua cidadezinha.
Só depois, na maturidade, com os cabelos embranquecidos, fez o retorno sentimental, afetivo, telúrico. E fez isso, juro, quando não exitia mais o cinema.
Para mim a cena mais empolgante do filme é aquela que Totó, depois que volta da cidadezinha onde fora ao enterro do seu mentor, Alfredo, pega o presente que ele lhe mandara antes de morrer, claro, um rolo de filme e manda projetar na tela do seu estúdio, então quando vê as cenas que vão rolando na tela, se emociona e vai às lágrimas, eram os beijos probidos pelo padre, ele mandava Alfredo cortá-los e censiurá-los porque seu preconceito religioso achava imorais. Um barato.
Há grande filmes como Casablanca, Zorba, Cidadão Kane, Perfume de Mulher... Mas o filme que me toca profundamente é Cinema Paradiso. É o que emociona e me faz vibrar com o meu passado.