Distração continental
“Algum somali ou Haitiano que afundou no Costa Concórdia e virou o drama africano obliterado por diamante e elefantes serrilhados sem dó".
“O sambista com correntes de ouro e jóias que se enforcava no trânsito da Marginal Tietê atrasando-se para seu show fenomenal no Jardins.”
“Algum comediante proferindo seu “stand up” barato para um público seleto de artistas globais.”
“Outro livro que ganhou o Pulitzer falava sobre a Economia volátil nos
emergentes devido aos preços reféns de commodities. “
Entre uma manchete e outra como esta, ele sabia do seu destino. Era crítico de cinema viril, Foi do movimento estudantil na década de 80. Fazia parte da geração premiada com Renato Russo e Lulu Santos (sic). Namorava as colegiais que andavam comendo bolinhos de chuva em frente ao Copacabana Palace. Ele também era guia turístico nas horas vagas. Recebia os turistas no Galeão onde exercitava seu pobre inglês e seu portunhol de araque. Tudo naquela paisagem citadina era maravilhosa. Afinal este era o título da capital. Havia o contraste entre as características enraizadas no samba africano, o copismo barato da arte a La carte – algo tipo de “stand up” em 2 minutos e as restrições econômicas impostas a todos pelas famigeradas cargas tributárias, pelo consumismo desenfreado e pela lógica perversa da desigualdade. O que se expressava de corrupção, de inflação, e de aculturação precisaria ser compensado com algum tipo arte muito especial: a arte da mestiçagem – aquela que recebia tanto as mostras de Rodin como os atabaques de Ruanda. Esta arte era o mosaico de 3 continentes; era a semântica da perplexidade, o encontro com a falta de identidade. O grande poeta (Drummond) falou havia uma pedra no caminho, mas provavelmente não era somente uma, eram meteoritos que caiam na atmosfera desgovernados. Porém tínhamos uma carta na manga, mostraríamos ao mundo a nossa intensa e colaborativa espiritualidade mineira nas caricaturas de Chico Xavier, a capacidade destoante e necessária de agir pela autodeterminação dos povos nas vias diplomáticas e os ambientalistas mais sensíveis com as questões das matas ciliares e das manchas de biomas que se mantém preservados. A mesma biodiversidade destes era proporcional a diversidade de artes, culturas, opiniões, manifestações, corrupções, religiões, culinária e musicalidade que havia nesta terra tropical e porque não sazonal, variante de continentes.