POR FÉ

Um dia de cada vez, um desmoronamento por vez. O mundo é um grande e cruel triturador de sonhos, que devasta a fantasia e faz frio o calor do coração, é sombrio, mas isto também é vida baby.

As chamas da esperança, aquela luz radiante que fica envolta do coração não consigo sentir que existe mais, tenho a sensação que alguém cortou os fios de conexão para me ver na escuridão, é como apagar as luzes de uma cidade inteira e se perceber cego dos olhos e longe de si mesmo. É devastador, pensar que queiram mudar sua essência, é sórdido imaginar um outro eu embasado no que querem ver de mim, é ilusório não entristecer e não morrer aos poucos.

Que os céus caiam e a terra suba esmagando o preconceito, que a maré transborde e afogue quem tiver que afogar e que sobreviva quem puder aceitar as coisas como elas são. É difícil e ao mesmo tempo doloroso pensar na ideia de morte, mesmo ela sendo simbólica, mas é um refúgio despedaçar os membros, e reconstituir a cena de liberdade.

Nada poderia ser diferente, porque o grande mestre faz tudo com maestria, e os fardos são depositados nas costas dos que conseguem vencer. Eu quero vencer também. Sou um criminoso para o útero materno e um prisioneiro para o cromossomo paterno. Onde está o erro em ser quem se é? Onde está a falha em comunicar a vida que ela é colorida? Para que a escravidão acabou se continuo sendo um refugiado?

Estou exausto de não receber o amor que sempre desejei e imaginei ter por direito, estou cansado de me esconder por detrás das máscaras, estou mofado e o cheiro não é agradável. Não há como saber o que acontecerá daqui dois ou cinco minutos, por isso peço que haja amor verdadeiro, que exista reciprocidade na amorosidade, e caso seja difícil, não torture quem você ama, ou deveria amar, respeite. Tenha respeito.

Despeço-me com os olhos cheios de lágrimas e com o coração apertado, é como se alguém o esmagasse entre as mãos tão forte que tudo parasse aqui por dentro, o ar quase não entra, tudo pulsa tão intenso que tenho medo que tudo pare de ser, que a vida não me deseje por aqui também...

Por fé, eu quero minhas luzes de volta!