Convite de Casamento
Li recentemente sobre o número de divórcios no Brasil. Impressionante como as pessoas estão se descasando. Mas não há o que temer. É imenso também o número de pessoas que continuam a se unir pelos laços sagrados do matrimônio. Eu, por exemplo, só para o próximo mês, estou convidada para três casamentos.
Nada contra ser convidada para enlaces nupciais. Muito pelo contrário, até fico lisonjeada por ser lembrada em hora de tanta felicidade. O que me desanima é a operação quase de guerra, que atualmente demanda esse convite. Se antes, bastava tirar do cabide aquela roupa mais reservada e calçar o sapato que ainda está na caixa de tão conservado, agora esquece! Quando o convite bate à porta, é melhor se preparar!
Fico pensando com meu fecho éclair (já que os botões estão gastos de tanto filosofar) por que razão inventam tanta coisa para complicar a vida? Eis o dilema: o quê combina com quê? Antes, os acessórios combinavam as cores entre si. Hoje, é brega pra chuchu usar cinto, sapato e bolsa na mesma cor. Com que sapato usar o modelito escolhido? Com meia ou sem? Cinto abaixo ou acima da cintura? Fino ou grosso? Ah, não cometa o pecado de errar pelos cálculos de silhueta! Altas e baixas, magrinhas e cheinhas... Cuidado! Para cada tipo, um acessório ideal. Ah, que martírio!
E as cores? Outra batalha! O berrante vai chamar mais atenção que a noiva; o apagadinho ninguém vai ver. Ah, esteja atento à estação: cores de inverno são umas, de verão são outras. Se for madrinha então, cuidado dobrado: preto e branco, nem pensar. Nada de ir abençoar os afilhados em trajes de manequim de funerária, muito menos fantasiada de garça esvoaçante. Ambas as cores seriam de extrema deselegância para com o casal nubente. O preto é luto, não combina com os ares festivos do momento; o branco é exclusividade da noiva, e você não vai querer roubar a cena, justamente nesse dia, vai?
Ao escolher seu visual esteja atenta também ao horário das bodas. Brilho demais à luz do dia é ridículo, já mais à noite, a coisa exige certo glamour. Não vá chegar com um vestidinho casual-primaveril. Não ficaria bem e você se sentiria uma flor fora do jardim. "A que horas vai ser?". Primeira pergunta à compra do figurino. Portanto, confira bem no convite, o horário da cerimônia, isso é fundamental. Até porque tendo essa informação bem gravada você evita a cilada de cair em casamento alheio. Isso já aconteceu com muita gente.
Muito bem! Maquiagem! Se você não fez um bom curso não se atreva a tentar. Melhor pagar uns duzentos reais, ou mais, para um bom profissional. Se está pensando em duas bolinhas de rouge, um batonzinho, e uma sombra azul passada com a ponta do dedo, desista! Maquiar-se hoje em dia é uma megaoperação. São tantos truques, tantos tons, tantos esfumaçamentos que em menos de uma hora e meia nenhuma mulher pode tirar onda de estar bem maquiada. Sem contar os pequenos grandes segredos do tipo: jamais realce boca e olho ao mesmo tempo! Pensou, né? É coisa demais para as amadoras! Não é à toa que dizem que é por um beiço de pulga, a diferença entre uma mulher aspirante a estar bem maquiada e uma palhaça de circo.
Bom, depois de tudo prontinho é só seguir para a cerimônia. Se você não tem carro, provavelmente terá que chamar um táxi. É inconcebível sair toda arrumada andando pelas ruas. O risco de virar o pé no salto alto é muito grande, você chegará toda vermelha, suada, sem contar que todos os olhares da rua saberão para onde você está indo: a um casamento. Não é difícil a batalha? Pois é, eu com três destas para cumprir, só queria mesmo uma coisa: ser uma índia Kawahiva no sossego e aconchego da Selva Amazônica...