Na Crise perca o “S”: CRIE.


 
Sempre gosto de dizer que “o que dá pra rir dá pra chorar”. A crise que estamos vivendo não pode ser negada por ninguém. Do mesmo jeito que não se pode superdimensioná-la com base na imprensa nem sempre  séria deste país. Sem julgar a crise ela tem coisas boas que muitos estão descobrindo com ela. Primeiro: somos muito gastadores! O aumento das contas de luz e água tem levado a muitas pessoas a não desperdiçar. Com isso estão vendo como são relapsos com questões tão vitais para o ser humano e que o mundo todo raciona, cuida, economiza. Banhos demorados em chuveiro elétrico têm que ser racionalizados. Equipamentos elétricos em stand by têm que ser desligados, pois há consumo de energia também nessa modalidade. Desligar da tomada os eletrodomésticos também reduz a conta de lua. Quanto a água muita coisa pode ser feita: não se ensaboar com o chuveiro aberto; diminuir o tempo de banho e orientar a meninada adolescente a diminuir a masturbação no banho. Verificar se as descargas não estão vazando água. Evitar usar a máquina de lavar com pouca roupa, bem como não passar ferro em pequenas quantidades de tecidos. Não dar descarga quando há só um xixi, pois dois ou três “xixis” num período da manhã, por exemplo, não leva o vaso a exalar mau cheiro. O cafonérrimo nº 2 dispensa consideração. Trocar as lâmpadas por “de led” leva a uma economia em torno de 80 por cento. Assim, cada um procure sua “receitinha” de economizar nesta crise e depois dela. Pois economizar bens tão preciosos como a água e a energia é fundamental neste nosso mundo tão cheio de gente metida a besta que acha que economizar é coisa de pobre.
Mudando o foco e continuando nele mesmo, intuo que a crise econômica pode muito bem ser entendida no princípio da crise enquanto tal. Porque das dificuldades sempre nascem as grandes soluções. Um exemplo disso foi a invenção das canetas esferográficas. Elas foram inventadas a custa de gastos de milhões de dólares, pois os americanos precisavam ir a lua e tinham que levar uma caneta a prova de gravidade. Inventaram, como disse, a caneta tipo BIC tão comum no nosso cotidiano. Os Russos foram além. Usaram o senso prático e levaram ao espaço um lápis comum, de crayon. Como se vê na crise há quem busque caminhos complexos e há quem busque caminhos práticos como os russos. As duas formas são importantes porque delineiam nossa capacidade instalada para ser e acontecer de acordo, mas nem sempre nos conformes. Por isso essa crise que nos assola está levando o povo a ver que nós votamos mal; que nós elegemos parlamentares que compraram nosso voto. Não o meu nem o seu, mas compraram sim. Porque se um deputado federal pra se eleger gasta em torno de um milhão de reais, certamente esse dinheiro não foi gasto dando comida a eleitor no dia das eleições, nem os transportando dos sítios para as cidades para neles votarem. Essa dinheirama é pra compra de votos através dos cabos eleitorais que se vende a quem lhes der mais.
Portanto, aposto no quanto pior melhor da crise, embora não concorde que ela já esteja na fase do pior. A crise pior é a da moralidade e do falso moralismo. Porque quando se construiu Brasilia se gastou quase dez brasílias e ninguém nunca disse isso em bom tom. Nem o Brasil morreu. A Petrobrás é fichinha comparada a Brasília e outras tantas. Esse falso moralismo está pertinho de nós em cada pessoa que fura fila. Em cala aluno que na faculdade assina a lista de presença por um colega que faltou. Em casa “jeitinho” que se pede a amigos para fazer; em cada pessoa que senda no ônibus na cadeira dos idosos.  Em cada troco que se recebe a mais no supermercado e não se devolve; em cada mãe e pai que não sabe dar limites aos filhos e acham ruim quando (infelizmente) a policia desce o pau. Em cada ausência dos pais aos chamados das escolas; em cada... Em cada qualquer coisa que todos sabem como dizer no seu conviver. 

Carlos Sena