“ARQUIVOS D´ALMA” ... (Reminiscências)
Há acontecimentos que permanecem em nossas lembranças, por mais que o tempo passe... É a primeira vez que iremos mencioná-lo: pois quase todos os anos a esposa recorda: hoje é 20 de julho, se o nosso filho estivesse vivo faria 48 anos. - Isto não foi exceção este ano. -
Estamos diante de dois fatos mais marcantes de nossas vidas: o nascimento e o desenlace, que precisam de um preparo para compreender, aceitar e superar...
Estávamos numa tumultuado situação política, no ano de 1.964, a esposa grávida, numa difícil segunda gestação, mas com um bom atendimento médico, naquela época ofertada pelo IAPB, (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários).
As consultas foram feitas periodicamente, isto, porém, não impediu que culminasse em parto prematuro, estava no sétimo mês de gestação, em face do complexo quadro clinico apresentado; o médico que há atendia, optou por interná-la, para salvaguardar a criança e antecipar o parto, isto acabou acontecendo no dia 20 de julho de 1.964, por meio de uma cesariana, nasceu o nosso filho menino, embora a mãe não estivesse passando bem após o parto; tínhamos a esperança que em breves dias se recuperaria, e regressaria ao modesto lar, com o nenezinho tão esperado, e, por tudo isto valeria a pena o seu sacrifício...
Ledo engano, a vida nem sempre nos dá o que esperamos; dois dias após o nascimento, se dá o inesperado: o recém-nascido falece por parada respiratória...
Momentos difícieis para o jovem casal, ela no leito do hospital, não pode acompanhar o sepultamento e direcionar o ultimo olhar e adeus ao filho...
Poucos nos acompanharam nesta árdua tarefa; num carro de um amigo de saudosa memória, fomos até o hospital, e o conduzimos até o local do sepultamento...
Dias depois ela volta para casa, o berço vazio, a dor de sua ausência; mas a vida continuava já tínhamos uma filha, de um pouco mais de um ano, nada compreendia do nosso sofrimento; ela carecia de cuidados, e isto exigia superações, para a provação que fôramos envolvidos...
O tempo passa célere independente de nossa vontade; três anos depois nasce à segunda filha, exatamente no mesmo mês, só que no dia 27; perto de mais três anos, nasce à terceira menina, que finalizou o seu ciclo de sua maternidade e de nossa paternidade; agora adultas, assumindo suas próprias famílias, todavia não parou por aí nossas atribuições, viriam os netos e bisnetos, que também requerem cuidados de nossa parte de afeto e de muito amor...
Temos guardado no recôndito de nossa alma a recordação deste filho, que em inúmeras vezes questionamos: Por quê? Sua aguardada vinda, e a inexplicável partida tão prematura...
Quase sempre, nos é vedado saber as reais causas de nossas provações existenciais, mas ao que trazem dentro de a Fé, de tão somente aceitar, o Designo Maior, que deve ter uma causa plausível, se assim não o fosse que valor teria para somar em nosso aprendizado?
Não poderíamos deixar de acrescentar, duas mensagens em forma de versos; (destacamos duas). a primeira 11 de maio de 1.965, com fortes indícios da presença de nosso filho; dando-nos evidências que vida prossegue e que laços de família perduram...
À Vovó Clara...
Que nesta data querida
Como uma manhã florida
Seja sua existência...
Aceite vovó tão minha,
O beijo duma boquinha
Que nem chegou a sorrir...
Que esta vida d´agora
Seja a luz da nova aurora
Que te aguarda no porvir...
Estevinho.
30/05/1.968 (Sem título.)
Na hora de meu regresso,
Estendestes-me as mãos amigas,
E esqueço as fadigas...
Da caminhada inglória...
A vida, o amor, a glória
De um triste poeta “cego”...
Devo a ti e sei e não nego,
O fim feliz dest´história,
Se, os teus braços me amparam...
No caminho redentor,
Eu seguirei firme e forte
Na fé do “Consolador”...
Estevinho.
(Grato a ti, caro irmão). (Segundo nos foi revelado fomos irmãos numa existência anterior)...
Para nos os versos consolam; a vida é envolta em perenes “mistérios”; cabe muito mais aceitar do que saber as reais causas de suas vicissitudes...
Curitiba, 23 de julho – Reminiscências. – Saul
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