Dádiva

Levantei o rosto para vê-lo sorrir um sorriso torto tão lindo que só pude admirá-lo, pasma, quase enfeitiçada. Tão... desumanamente perfeito. Isso costumava acontecer comigo; esquecer a fala ou enrubescer, só por olhá-lo.

Passei o dedo sobre seu rosto desenhado, redesenhando, observando cada detalhe de seu rosto de príncipe. O meu príncipe. Apesar de sua pele branca e fria como a neve, aquecia-me de tal forma que ele logo percebia sua importância.

E era tão nobre, tão maravilhoso, que não me sentia digna de estar ao seu lado. E ainda assim ele parecia feliz e muito satisfeito de estar ali comigo, com sua pele brilhando ao sol, como se pequenos diamantes saltassem de todo o seu corpo.

Ao passar os lábios pelo seu rosto e seu cabelo cor de cobre, percebi que ele cheirava a rosas. E ali ficava, entorpecida pela sua beleza inocente e ao mesmo tempo tentadora.

Naqueles braços sentia-me protegida, e naquele centésimo de segundo nada mais importava. Por mais impossível que me parecesse, me sentia amada em cada atitude que ele tinha para comigo, cada gesto. Seu ar nobre de garoto implicante, tão maduro e às vezes tão criança, tão meu. Por favor, meu.

Não adiantava, aquele só podia ser ele e mais ninguém. Queria para sempre cheirar aquelas rosas, na eternidade daquele momento ao sol, tão simples, e ao mesmo tempo crucial. Como se minha vida inteira dependesse daquele corpo, gelado e duro como rocha recostando-se em meu peito.

De repente ele fez menção de levantar-se com um movimento leve, mas eu, tão perdida nos meus devaneios, fingi não perceber. Não queria que o sonho acabasse.

Laura Romero
Enviado por Laura Romero em 14/06/2007
Código do texto: T526692
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