Tributo a Gonzagão. De volta às origens pernambucanas.
Eram 23 horas da noite fria de 13 de junho, comemorativa de Santo Antonio o qual, além de ser casamenteiro, é o padroeiro da aconchegante cidade de Miguel Pereira. Eu e a família regressamos do Centro Cultural municipal onde assistimos, de minha parte, extasiado e emocionado, o evento musical realizado pelo cantor da localidade Claudio Macau e sua banda, em homenagem ao falecido cantor da música popular brasileira Luís Gonzaga do Nascimento, conhecido simplesmente como Gonzagão.
Qual o interesse do município em homenagear esse ídolo de nossa música?
– Nenhum. Sentimento de gratidão apenas. Durante alguns anos Luiz Gonzaga conviveu, chegando, inclusive, a residir em Miguel Pereira, sendo um dos principais colaboradores na construção do único nosocômio da cidade, ou seja, Hospital Santo Antonio da Estiva, nome antigo dessa cidade serrana. Para tanto empreendia shows beneficentes, revertendo todo o valor arrecadado em favor dessa entidade hospitalar que hoje, embora com os problemas idênticos aos demais de todo o País, é a realidade dos munícipes de Miguel Pereira e Paty do Alferes.
Os sentimentos de emoção e êxtase afloraram em decorrência de sublimes lembranças do tempo compreendido entre os anos de 1949 a 1953, período no qual me tornei admirador do repertório musical de Luiz Gonzaga, que se encontrava no auge de sua carreira profissional, tendo lançado, na época, um ritmo novo, o “baião”, também do gosto de meu pai.
A maior razão do meu compreensível devaneio é, sem dúvida alguma, a comparação que sempre fiz entre as figuras de meu pai e do cantor Luiz Gonzaga, ambos nascidos em Pernambuco e, ao meu ver, de fisionomias parecidas. O outro fator responsável por esse estágio emocional motivou-se pela recordação de um presente recebido de meu saudoso genitor, em dezembro de 1952, por ter sido aprovado na escola. O presente era um álbum encadernado com os últimos sucessos, em discos de 78 rotações, de Luiz Gonzaga, do qual permaneço fã.