Cansei...

Cansei de ser estrada sem sentido, amor sem ter gemido, motor sem ruído. Cansei de ser centro, comida com excesso de coentro... ir tão perto, só um metro, um rei sem cetro... Cansei da aurora vivida a só, não ter saída, corda sem nó, de não me saber tão pequeno, irrisório, pó... cansei da baderna certa, da porta sempre aberta, do pão murcho, embolorado e em oferta... Cansei do niilismo, do egoísta capitalismo, de meu narcisismo, do contraditório socialismo.... Cansei de ser errado. De andar ferrado. Em lama ter me enterrado. Em ver meus sonhos frustrados... Cansei de não me arriscar. De ter medo de amar. De não entrar no mar. E por ser hipocondríaco perder o banho de luar... Cansei de andar cansado... quero ficar suado. Ser responsável pelo que é sagrado... o inexplicável e deslumbrante ato de amar e ser amado. marcio josé de lima - Guarapuava