NÃO! NADA DE NADA
Era uma mulher cansada, Cansada de tudo, da mesmice, do tédio, do cotidiano chato e óbvio. Chegara no seu limite. Não tinha mais ilusões, esperança, fé. Sentia que chegara a hora da ruptura, de quebrar seus grilhões. Era o momento de chutar o pão da barraca dos cânones sociais. Não mais para continuar, clar, se submeter.
Pensva na canção de Piaf, Je ne negretti rien. Não! Nada de nada. Não adiantava crer em milagre, viver de migalhas, fingir, enganar-se a si própria.
Precisava só viver. Viver de verdade, independente da ordem estabelecida, das normas, figurino, exigências, preconceitos, tabus. Que se danassem todas as etiquetas, proibições, dogmas sociais.
Nada disso valia nada, O que valia era viver, gozar a vida como sempre desejou. Sem se importar com a opinião pública. Sem se submeter a nenhuma autoridade.
Começou a se soltar, a se rebelar, a fazer o que realmente gostava. Estava forçando a barra para ser livre. Isso indignou e assustou os seus censores e pilares da moral estabelecida.
A mulher rebelde foi diagnosticada como louca, metida numa camisa de força e interneta num sanatório. Quem passa por lá ouve uma voz cantando a canação de Piaf.
Não! Nada de nada.