SER SANTO OU IDIOTA.

“Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.” Santo Agostinho.

É mais fácil amar, ser santo ou compreender tudo? É preciso ser santo para assimilar perdoando o imperdoável com o que se faz às crianças, aos velhos, aos que sofrem, aos necessitados.

Ser santo é tudo compreender além de ser homem normal como somos.

No fim da estrada, para o Santo há o perdão de Deus. Deus perdoa. Santo Agostinho foi chamado a ser santo e entendeu compreendendo toda a latitude do amor, e também o desamor e a extensão cósmica de Deus.

É necessário, contudo, colocar as barras do sentimento na avaliação das condutas. Não somos santos.

Terás cólera com amor, gritando para redirecionar a consciência, se ama quem trouxe a sua cólera. Censurará com amor, apontando com recriminação o erro, se ama o censurado. O que parece negativo surge como positivo no exercício didático. Silenciar e perdoar são atos intimistas de quem ama.

Santo Agostinho viveu na dissipação aceitável na ordem humana, a luxúria, força incalculável alimentada pelo sexo e pela sedução, que todos vivemos, e a conheceu também, e foi convocado, convocando-se após a revelação para a mansidão das calmas desconhecidas por pessoas comuns. Viveu um monastério de reflexões.

E perguntamos a nós mesmos como se processa o “ama e faz o que quiseres”. Preciso amar a quem corrijo e censuro, e amar em silêncio a quem perdoo,mas amo, e muito, mas preciso que a pessoa seja amada. O amor é o padrão, a partida do processo. Sem amor só o santo compreende. E não sou santo, ser santo é sofrer em martírio por causas transcendentais a que poucos têm acesso. Chegar a um Deus de difícil alcance.

Necessito que esse amor esteja enraizado para dar frutos, e esses são os frutos, as práticas que se espalham como sementes para quem amamos.

Não posso corrigir a quem não amo, nem, indo mais longe, não posso perdoar aquele que censuro e desdenho por ser veículo do mal. Não há cura para os doentes da alma, só perdão para quem pode concedê-lo, o Grande Pai, o Senhor,na compreensão dos Santos.

Como disse um colega em crônica. Como podemos ter boa vontade, amar a quem faz o mal em gênero para as pessoas, para a sociedade como um todo quando por ela é maximamente responsável politicamente, socialmente, e opera e se conduz em ruína persistente e reiterada?

Seria como “empurrar a água do oceano”, diz o colega. Não se nada contra a onda, nem se vence a corrente do mar, ela te leva, nasci com o pé no mar, dentro do mar. Impossível contraditar a evidência que nos fornece a natureza, o mesmo como criar retórica sobre nonadas. O que é história perpetuada não sofre contradita.

Mas pior se verifica, e ressalta de outra ilustre e querida colega poetisa, em sua dicção veemente e própria. Como receber com amor a quem elogia - uma parte do povo - e elege o mal como preferência, depois de conhecê-lo e seus feitores, sem margem de erro? O mal que nenhum insuficiente pode negar, que nasce da mentira contundente e eloquente que se verifica no correr do tempo materialmente, claramente.

Damos um exemplo para ficar claro.Como prometer e diminuir um pouco o custo da energia para enganar, e depois centuplicar esse custo, e matar a economia? Energia, a mola, o motor impulsionador de tudo.

Uma boa parcela de uma sociedade para a qual o mal é dirigido, aliado à mentira e desfaçatez, ainda faz apologia dos indiferentes à sorte alheia. Mesmo descobertos e intimidados os malfeitores, seus adeptos, muitos ainda, prestigiam o mal, aplaudem o mal, desavergonhadamente, e pela miopia vitalícia só veem o bem onde o mal prospera. Alguns saem das trevas para a luz.

A cegueira vem do analfabetismo que se locupleta com migalhas confessadas receber, um nada, miserabilidades. Os miseráveis parecem gostar da miséria imposta pelos que vivem em palácios. Estão acostumados com esse nada. Sempre viveram em chiqueiros. Os que são nada se satisfazem com nada. É a lógica decorrente.

Nem um santo amaria ou perdoaria quem elege o admirador do malfeitor, pois é o pior dos malfeitores, tentando sempre colher frutos desse amor maléfico, doente pelo vício de receber misérias, farelos e restos em que se refestela, pela vontade interesseira menor e rasteira, personalista, sempre complexada, escancaradamente exposto o complexo, na tentativa de contaminar e alargar a estrada do mal.

Insuficientes que coexistem com insuficientes. São os filhos da insuficiência de origem. Hoje, felizmente, são uma pequena malta. Os malfeitores não vão às ruas sem receberem vaias, é a pena moral que adere ao malfeitor punido,ainda que pouco. A ignorância não permite ao ignorante que enxergue absolutamente nada, muito menos o óbvio.

Nenhuma grande ou pequena porção, no momento mínima, mesmo doente, se engana definitiva e alongadamente, não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe, diz o provérbio popular. Já se identificam as reações dos enganados antes adeptos da mentira que veio à lume.

O mal necrosa, o bem dá frutos e sobrevive.

Cabeças alinhadas com a corrupção e desvios, já estão, data muito, necrosadas. Só falta sepultá-las, e isto se dará em breve tempo.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/06/2015
Reeditado em 07/06/2015
Código do texto: T5264973
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