LAVAR AS MÃOS

Prof. Antônio de Oliveira

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Segundo o filósofo italiano Benedetto Croce, cada história é inicialmente o produto do tempo de sua escrita. Palavras essas que se tornaram clichê, mas que ilustram a análise do fenômeno histórico a partir do momento em que se inicia sua escrita, seu registro. Ou seja: a história registrada nem sempre revela o real, por ser ela, por natureza, e pelo menos no seu relato, acadêmica. Os escaninhos da história escondem e guardam, sob a forma de distorção, muitos fatos, além de o mito, a lenda, a tradição oral prevalecerem em geral sobre a verdade dos fatos. Como num tribunal do júri: fatos são negados ou distorcidos em favor da absolvição do réu. Ou também para a condenação de inocentes, sobretudo por difamação e falso testemunho. Na historiografia quase tudo é visto sob a óptica dos vencedores e poderosos que, muitas vezes, dizem, por conveniência, não saber de nada. Lavam as próprias mãos à semelhança de Pilatos, no mais dramático julgamento da história.

Num conselho administrativo ou, em geral, órgão dirigente, seus membros têm poderes idênticos, mas se supõe que tenham também responsabilidades idênticas. No caso do escândalo financeiro da Petrobrás, alguns membros se eximiram ou foram por conveniência política eximidos de culpa. Apenas quem deu voto contrário deveria ser sumariamente eximido.

Voltando à historiografia, é praticamente impossível isolar o passado do presente. Pois o fato continua sendo a matéria-prima do historiador, do jornalista, do repórter, do juiz. Segundo preceito clássico, em latim, “da mihi factum, dabo tibi jus”, dá-me o fato, dar-te-ei o direito. Isto é, quando o fato é descrito com clareza fica mais fácil julgar. No caso de agentes humanos, diretamente, por imprevidência, incompetência, imprudência, má-fé, ou, indiretamente, nos casos de agressão à natureza. Esta, à semelhança de “Ringo não perdoa”, não perdoa... Devolve as agressões ao meio ambiente sob a forma de catástrofes.

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 02/06/2015
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