VOCÊ JÁ OUVIO FALAR DE MARIETTE HÉLÊNE DELANGLE? *
Não muitos têm o privilégio de nascer no início de um novo século, mas foi o caso dela, que dá o título de nossas Reflexões do Cotidiano de hoje. Estava chegando quase ao último mês de dezembro de 1.900 quando ela nasceu... *
Teria o privilégio de evidenciar os marcantes acontecimentos do século XX; surgimento da aviação, do automóvel, a ampliação das vias férreas e a maior segurança e conforto dos navios, cruzando os oceanos, entretanto, “presenciou” a “face” negativa dos seres humanos com dois conflitos mundiais com um “intervalo” de 20 anos...
Aos 16 anos, adolescente, se despede dos pais da pacata cidade em que vivia* e vai para Paris, em busca de seus próprios caminhos e experiências pessoais, a condição de “mulher”, tão segregada na época, não impediu lutar pelos seus direitos em igualdade com os “homens”, que ontem como hoje - em menor número. - se julgavam “superiores”, e viam tão somente na mulher a satisfação de seus desejos a colocando sempre numa condição subalterna...
Encontra algumas atividades para se manter, porém, fixou-se na condição de “modelo, dançarina e piloto francesa em 1.929” *...
As duas primeiras atividades mencionadas proporcionaram a ela uma “folga” financeira, chegou a adquirir uma casa e até um pequeno iate. Gostava de esquiar, sofreu uma queda que afeta um dos joelhos, é feita uma cirurgia, com os limitados recursos época, não teria os movimentos do joelho totalmente normal, o que impediu de prosseguir na profissão de dançarina.
Repentinamente sua vida muda, é convidada a participar de corridas de automóveis, tão em moda na época, em que havia duas categorias femininas e masculinas, (1.929) *, tem um surpreendente êxito com muitas vitórias que chama a atenção de muitos, inclusive de uma indústria automobilística da época, quando surgiu a idéia de convidá-la para par competir entre os homens, aceitou o desafio e teve relativo sucesso, chegando muitas vezes em sexto, quinto, quarto e terceiro lugar...
Nesta nova carreira, há um marcante e nefasto acontecimento ocorrido em São Paulo, - Grande Prêmio da Cidade. - estava na última volta disputando o terceiro lugar, o carro “desliza” capota ela é jogada para fora de seu carro, e este é “arremeçado” contra o público, quatro pessoas morrem e trinta pessoas ficam feridas... Fica dois dias em esta do de coma, levando mais de dois meses para sua recuperação...
Todas estas atividades são interrompidas com o início da Segunda Guerra Mundial; em que, parecia para ela ter voltado ao normal, em 1.949 há primeira corrida de automóveis na França, ela se inscreve, na véspera, acontece algo inesperado, perante um grande público presente para os preparativos do dia seguinte, uma pessoa “influente”, de viva voz, sem dar a ela o direito de defesa, a acusa que fora “colaboradora” da Gespato, mão de ferro do domínio nazista imposto aos franceses.
Humilhada em público, teve a sua inscrição cancelada, perdeu todos os patrocinadores e teve melancolicamente sua carreira encerrada e menosprezada por grande parte dos franceses... Sentia-se impotente para fazer sua defesa diante dos “poderosos” que dominavam a mídia, o tempo passa caiu no ostracismo. Foram quase trinta e cinco anos de penúria e extremo sofrimento; na época, o seu companheiro levou praticamente todas as suas economias e sumiu; jamais foi provada a veracidade destas acusações...
“Pobre esquecida, afastada de sua família, Hélle Nice, este é o nome que havia adotado. - viveu em Nice seus últimos anos, morando num cortiço sob um nome falso, a fim de manter uma privacidade mínima, morreu só, sendo sua cremação de seu corpo foi paga por uma sociedade caritativa parisiense. Sua cinzas foram enviadas à irmã, Sainte-Meno, local em seus pais estão sepultados. Todavia, não há menção alguma a seu nome no memorial de sua família.”*
Esta personagem tem o mérito, que somadas a muitas outras mulheres, de dar à condição feminina a igualdade de direitos, perante aos “homens” que pela sua condição masculina, que sempre se julgaram em condição “superior”, esquecido que diante do Supremo Criador, somos considerados “iguais”, apenas com atribuições diferentes, o homem “participa”, porém, cabe a mulher a geração de uma nova vida, sem ela não teria a sua continuidade; hoje felizmente estamos vivendo outros tempos, em que parte destas discriminações está sendo sensivelmente diminuídas...
Finalmente, resta o consolo que cada vida é uma etapa de experiências, e os sofrimentos não são em vão, mas devem servir para os engrandecimentos de nossas eternas conquistas, em busca de nossa definitiva ascensão!
*Mariette Hélêne Delangle, mais tarde adotou o nome de Hélle Nice, nasceu em Aunay-Sous-Auneau, França, 15/12/1.900, faleceu em Nice, França, 01/10/1.984
*Dados compilados da Wikipédia.
Curitiba, 18 de janeiro de 2.014 - Reflexões do Cotidiano – Saul
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