Relaxar e Gozar: eis a questão!

 

            Finalmente começa a manifestar-se no âmago da “alma nacional” (a gente tem viu?) o efeito da leitura de todos aqueles livros de auto-ajuda. Eu não tenho nada contra o gênero em questão. Sei que ele lidera a venda das editoras e arrasta para cima os pálidos cifrões da cultura livresca. Acredito até que é melhor pensar positivo do que puxar para baixo a esperança. Aquela que nunca morre, que mesmo em um bote salva-vidas ocupa o lugar destinado a mulheres e crianças e que quando um avião cai em um lugar ermo, como na Cordilheira dos Andes, vive do canibalismo alheio.

            Não vou criticar a esperança, mas ela me dá um medo danado quando ocupa o lugar errado. O ufanismo tupiniquim foi novamente bombardeado pela Marta, vulgo Suplicy, que começou bem sua carreira pública (quando apresentadora de um “sex” oral “show” na TV – esclarecendo dúvidas em alto e bom tom – não pense besteira!). Até ali ela estava no melhor de sua forma. Depois, dizem os paulistas, ocupou a prefeitura de São Paulo e, ao que tudo indica, não deixou saudade.

            Nossa garota vocal, acostumada ao palavreado fácil de orientadora sexual, resolveu inovar nos microfones e mandou quem fica na fila quase interminável, em desordem progressiva, construída nos aeroportos nacionais, que: “relaxe e goze”. Como é? “Relaxe e goze”! Aparentemente os problemas aprendem a se resolver sozinhos. Vamos usar a força mental e imaginar os aeroportos funcionando, sem filas, sem passageiros e sem aviões – o que não está longe de acontecer, pelo andar do andor.

            Creio que deve haver alguma esperança no fim do túnel. Não dá é para ver a luz, pois a sombra da esperança tampou-a.

            Não culpemos a Marta, mãe do Supla, ex-esposa daquele bom senador – que deve estar a esconder-se de vergonha e pudor – quem sabe se não se pergunta: onde estava com a cabeça quando casei com a Martinha? Leio em um compêndio sobre o Inconsciente, essa colossal e monumental massa de pensamentos subjacentes, que guarda no fundo de um baú interminável o que realmente queremos, que pessoas quando cometem “atos falhos”, como o da orientadora sexual em questão, na verdade estão manifestando o que queriam, de fato, estar fazendo.

            Assim, Martinha, se me permitem a intimidade, gostaria de estar, no fundo, “relaxando e gozando”, em alto e bom tom, talvez muito longe dos acarpetados gabinetes ministeriais, dos microfones sempre atentos, dos jornalistas aflitos, do povo “estressado” que dorme nos aeroportos à espera de um vôo para a Terra do Nunca – nunca chega a hora.

            Sim, Martinha e a esperança são duas faces de uma mesma moeda. Leitoras assíduas dos livros que nos auto-ajudam. Quem sabe, se lendo bastante, não nos esquecemos das mazelas canárias desta terra e possamos, como ordenou o Lula: “vamos relaxar, gente”! Gozar, fica para eles, na cara do povo. 

            Os: não se esqueçam disso nas próximas eleições!

            

(Atençao pessoal: já se encontra em pré-lançamento o nosso livro: O HOMEM QUE NÃO BEBIA CERVEJA - nem de graça! Reserve já o seu exemplar antes que o meu bom-humor acabe!)