Contraversão dos sentimentos
"Lei do desapego"; "pega não se apega"; "gelo na balada com uísque e red bull". Aos milhares, corações vazios e desesperados por um ego inflado de ressentimentos se amontoam nas baladas. "Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho", assim cantava o mestre Tom Jobim, mas parece que sua receita foi deixada de lado. Saudade de quando o único desespero do coração era gritar "eu preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder sem engano". E entre esse vazio da luxuria e da ostentação, eu prefiro o exagero de estar jogado aos pés de um amor com mil rosas roubadas. Enquanto muitos estão na balada, estou eu aqui navegando em pensamentos: "adoro um amor inventado". E se ao invés de lanchas e mulheres usando seus biquínis fio dental, apreciássemos mais as "moças do corpo dourado do sol de Ipanema" que enchem o mundo inteirinho de graça quando estão ao caminho do mar com seus balançados que são mais que um poema? Talvez ninguém pense mais nisso, afinal as moças de Ipanema foram substituídas por "panicats". Mas ainda prefiro "falar de amor em Itapuã" enquanto estou "debaixo dos caracóis" do cabelo de uma "morena tropicana" a observar seus "olhos de gueixa" que tentam disfarçar sua vergonha quando "eu digo e ela não acredita: ela é bonita demais".