Contando "minhas" histórias:
Moises Rodrigues Alves, casado com Maria Carlota de Carvalho Alves, a dona Sinhá, filha da Don´ Ana, e do Coronel Quinca Mariano. Moisés e seu amigo-irmão do seminário de Uberaba, o Monsenhor Fleury, caminhavam juntos pela casa da Rua Rio Branco, pelas ruas de Araguari, e nos compartimentos da Farmácia Araguarina, onde Moises preparava cuidadoso e dedicado suas fórmulas de medicamentos, conversando animados e divertidos em grego (antigo), latim, e francês. Meu avô no seu eterno terno cor de chocolate, e Monsenhor Fleury na sua batina negra. Para a menina curiosa que por ali corria enquanto crescia, em nada preocupada com os dois velhos, tudo aquilo era absolutamente natural.
Ela percebia vindo deles sim as sonoridades que lhe lembravam o Ângelus, e a música da Ave Maria nas linhas e entrelinhas do que ecoavam. O avô Moisés ensinava orações em latim _ Ave Maria, Pater Nostrum, entre muitas outras. Era lúdico, e os dois brincavam juntos de conversar, e de inventar falando, o avô e a neta. Foi o melhor professor de português. Ensinando a falar apenas falando com ela, e eventualmente a corrigindo. Lia para a menina muitos trechos de livros. Anos mais tarde quando perdeu quase toda sua visão, porque sofria de diabetes, a neta passou a ler para ele. Então ele ainda completamente generoso corrigia sua pronúncia. Amou muito esse seu avô. E ele sabia disto. Um dia a menina o provocou: "Adoro jambo". E o avô a corrigiu seriedade divertida: "Você adora Deus; ama seu avô, e gosta de jambo".