A IDIOTA
A idiota confundia esperança com desperdício de tempo.
E aguardava,o que,como seu,deveria chegar na hora certa.
Aguardou pelo amor do pai,por uma demonstração de afeto da mãe,pelo carinho das irmãs...
Aguardou pela sua metade da laranja,
Aguardou pela felicidade.
E nesta espera infinda,postergou amores,
Postergou calores,
Postergou carinhos,
Postergou caminhos...
Estreitou tanto seus horizontes,que sua mente brilhante,não luzia além da esquina...
E cansada de esperar,dedicou-se a doar,enquanto esperava;
A doar,o que por lhe faltar,lhe trazia dor.
Então doou seu amor,sua beleza e gentileza.
A todos doava afeto,
Mesmo aqueles que não tinham teto.
E doando e dadivando,sem perceber,ultrapassou os limites de sua espera.
Atravessou a rua numa quina e deixou para traz a esquina.
Deixou atrás de si,sem saber,tudo que a acorrentava,toldava e não acrescentava.
Fez-se luz,quando abriu em pétalas sua alma e enxergou amores,flores e cores...
E de repente não sentiu mais dor...
A meninota havia crescido;
Deixado de acreditar em almas gêmeas e na obrigatoriedade do amor familiar.
E em seu caminho começou a encontrar diversidades,
Cultura; inteligência e intelectualidade,
E descobriu por fim, inúmeras metades.
Aprendeu com seus iguais,assim como com seus desiguais;
Aprendeu a ser par e continuar ímpar.
Aprendeu a amar e desamar,
A receber e doar.
E a doar sem receber,se necessário fosse,para crescer.
E cresceu,
Floresceu,
Ascendeu e
Viveu.
No exato instante,que a idiota faleceu.(eu)