Mensagens que edificam - 58

Quem é a morte? O que á morte? O fim ou uma travessia para um lado sem final? Onde estás? Que não anuncias quando vais chegar, mas prenuncias que estás por perto. Tentar se equivar de ti é incerto, equivocadamente um movimento inútil, decerto. Posso buscar adiar, mas sempre ficarás mais próxima. Cada dia que passa traz a certeza de que és coisa mais certa. Ninguém está imune e não há quem se encontre impune, mesmo que não tenha cometido um delito, no meio do silêncio poderá ser ouvido o seu mudo grito. Chegará a tal morte assinalada pela sorte? Ou terá a data perfeita quando já não houver para uma doença uma receita? Quem fugirá de ti? Quem se esquivará da tua visita? Malquista, maldita, ainda que serenamente encarada, pois és o avesso da vida. Quem te receberá de braços abertos se os teus braços são os que nos abraçam? Avassaladora, roubadora de sonhos e pontuadora de falas não concluídas. És tu que calas os lábios dos que ainda insistem em dizer algo quando a mudez já tomou a boca do fidalgo e do burguês. Para ti não há sexo, nem distingues o nexo do desconexo. Surges do nada e do nada fazes tudo acontecer. Surpresa ingrata, dor que não desata, esperança que exaure, é assim que tu vens, morte, é assim que tu matas. Se vens montada a cavalo ou a pé não importa, o facto é tu chegas, mais do que tudo na vida, tu nunca falhas, não há fortaleza que te contenha por mais forte que sejam as muralhas. Se eu disser que te espero eu minto, mesmo que do outro lado já esteja alguém que eu muito ame. Isso se explica porque eu nasci pra viver, e no dia que eu não mais puder resistir, nada será espontâneo, mas será uma escolha entre não ficar e ir. Morte, que a sua distância seja grande e que jamais sejas o meu norte. Enquanto eu puder ficarei fingindo que o meu corpo é eterno e procurarei não me lembrar de ti...

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 28/05/2015
Código do texto: T5257965
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