PENSAR. OUSAR. ESCLARECER..

O que é melhor, somente pensar, ousar pensar para aumentar o acervo pessoal, ou se esclarecer com o que pensa e absorve?

Pensar sem crescer é diminuir, esclarecer seu rumo através do pensamento, mesmo ousado, deve ser a meta. Quem não ousou estacionou. Se hoje a física deu passos enormes para o progresso deve-se a quem ousou, e muitos morreram dizendo verdades por terem ousado, que o diga o Santo Ofício, que de Santo só tinha o nome.

Imagine-se matar de várias formas sob crueldade, pessoas estudiosas por terem estudado mais e enfrentado “verdades” divinas escritas pelos homens e não por Deus nos Livros Sagrados, que não eram verdades e nem divinas.

O Kantismo tem um ponto de luz sobre esses impasses quando indaga:"O Que é Esclarecimento?" Kant sintetizou. É o que falta para muitos que não sabem o que seja o exercício de pensar.

“Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! [Ousar saber] Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento (KANT, I. "Resposta à Pergunta: Que é 'Esclarecimento'", p. 100).

Tome-se como base que a inquisição se sustentava em hipóteses absurdas para combater não ser a Terra redonda. Era a incapacidade de que fala Kant, fazia-se uso de suposições “de outro indivíduo”, absolutamente calcado em ficção.

Kant tinha de seus contemporâneos a imagem da prisão aos conceitos existentes contrariando a escola grega da Paideia. Homens e mulheres presos como discípulos de seus preceptores à eterna permanência do estabilizado em pensamento. É preciso aguir, estudar, refletir, acrescer, PENSAR.

A maior parte da humanidade considerava difícil pensar por si mesma, enfim, superar dificuldades do que estava posto. Estamos mais ou menos no mesmo passo.

Sobreviver sob regras vigentes do que foi pensado, uma segunda natureza como ensinou Shakespeare, “o hábito é a segunda natureza”, não pensar independentemente torna-se hábito.

Kant imaginava que seria inevitável a busca pelo esclarecimento. " Uma revolução poderá talvez realizar a queda do despotismo pessoal ou da opressão ávida de lucros ou de domínios, porém nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar."

Apenas novos conceitos, assim como os velhos, servirão como cintas para conduzir a grande massa destituída de pensamento.

A massa está presa a este cinturão que não deixa pensar, por variada motivação, mesmo os que tem formação pensam pouco, delineadas poucas ideias até do que está estabelecido não se discute, é preciso pensar, PARA SE ESCLARECER.

Pensar não significa desafiar universalidades recebidas pelo conhecimento, mas nunca é demais dizer que sob certos aspectos, sempre estará em vigor, ao menos para mim, um bardo shakespeariano, “NÃO OUSO CRER NEM DESCRER DE NADA”. Meditar sobre tanto é se ESCLARECER.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/05/2015
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