Sobre atrizes e atoras.

Sim eu escrevi errado! Sim foi proposital!

Pra ser bem sincero, não era minha intenção escrever crônicas. Nem passava pela minha cabeça, mas ideia foi surgindo, assim meio de mansinho, foi chegando, e bem, aqui estou.

Resolvi começar na verdade depois que, outro dia, lembrei-me de um acontecimento que marcou minha vida escolar. Não foi lá grande coisa, mas acho interessante compartilhar.

Eu estava na sexta série, e não era um garoto muito popular. Na verdade, eu era um CDF mesmo. Típico garoto sem muitos dons, que por isso resolveu estudar mais que os outros, e por isso também era odiado pela maioria dos garotos. O velho clichê do garoto zoado.

Até aí tudo bem. Acontece que numa tarde qualquer, todos conversávamos tranquilamente, até que uma garota, um pouco mais exaltada, mandou uma pérola, que jamais eu esqueceria:

“... To parecendo aquela ATORA da globo!”

Sim caro leitor, isso aconteceu.

E não teria problema nenhum, afinal de contas, errar é humano, e devido ao nível de exaltação nosso no momento, tudo parecia possível. Ninguém ali era expert em português, e mesmo que fossemos, não tínhamos o direito de julgar.

E pra ser sincero, não foi o erro da garota que me chamou a atenção. O que me chamou a atenção foi a reação dos meus colegas presentes ali. Todos gargalhavam em um tom altíssimo, até mesmo a professora. Alguns insultos, e xingamentos, baixinhos, daqueles corajosos que se aproveitavam do barulho, e a coitada da garota, de um simples sorriso feliz, transformou-se em uma pimenta vermelha. Não literalmente é claro, mas pra ser sincero, faltou muito pouco pras lagrimas não escorrerem em seu rosto.

Eu observei tudo aquilo, e a partir daquele momento, eu percebi algo que levo pra minha vida, e que irei compartilhar agora, inclusive em letras garrafais:

“O SER HUMANO MAIS CRUEL, É O ADOLESCENTE”

Parece exagero, mas não é. O adolescente pode ser capaz de abrir uma ferida tão profunda, que pode deixar suas cicatrizes pelo resto da sua vida. E por isso, não é à toa, as escolas, e não só as escolas públicas, mas as escolas em geral, tornam-se verdadeiras selvas, onde o futuro de uma nação inteira vive, vive não, sobrevive. E querendo ou não isso não vem de hoje, não é essa geração que está estragada, como muitos senhores falam por aí. Não, a escola, a muito tempo, acho que desde o primórdio da sociedade, sempre foi assim. E é essa época, que pra muitos garotos fracotes é vista como maldita, que forma o verdadeiro caráter do futuro adulto, que todos ali irão se tornar um dia.

Se não fosse eu, na época um garoto franzino e desajeitado, ter sido um “zoado”, eu não sei o que eu seria hoje em dia. Talvez alguém bem pior do que eu sou.

Por que tudo na vida passa, e se você estiver lendo isso, e estiver passando por essa época, então saiba, não há dor no mundo, que não acabe. E saiba, as coisas vão melhorar. Não espere aquela história idiota, de que você vai se dar melhor que os valentões, vai ser muito rico e etc. Não isso não é verdade. Você vai ser uma pessoa melhor. E isso não tem preço. Não sei que fim levou aquela garota, mas se pudesse chutar, diria que ela se tornou alguém bem melhor daquele dia em diante, caso, é claro, ela tenha percebido o mesmo que eu. Por que não há melhor incentivador para uma “Atora” do que as vaias da plateia. E acredite em mim, não há uma forma de se tornar uma boa pessoa, sem passar por esse momento. Sem ouvir as risadas. Sem se sentir, por alguns minutos, um completo idiota.

E tenha certeza, esse idiota se tornará alguém muito bom, pois aprenderá a não fazer para os outros, aquilo que não gostaria que fizessem com ele. Assim como eu aprendi naquele dia, sendo assim um dos únicos que não riu da pobre garota. Uma lição valiosíssima.

Idiota, tá aí um bom tema para uma próxima crônica. Até lá!