'Libertas quae sera tamen' - 'Liberdade, ainda que tardia'.
Muitos falam do passado, a respeito dos negros trazidos da África, para serem escravizados e utilizados nos trabalhos forçados da lavoura, particularmente no plantio da cana de açúcar, no cultivo do café e também na mineração. Os livros relatam que a abolição se deu de forma gradativa, primeiro com a Lei do Ventre Livre, assinada pelo Visconde do Rio Branco em 28 de setembro de 1871, posteriormente com a Lei do Sexagenário, assinada pelo Barão de Cotegipe, em 1885 e mais tarde, a abolição total através da Lei Áurea. Este documento foi assinado em 13 de maio de 1.888, pela Princesa Isabel.
Mas, não podemos ignorar que os índios, os verdadeiros donos da terra já a habitavam muito antes dos colonizadores portugueses, e foram os primeiros a serem escravizados dentro do seu próprio território. Porém, os resultados não foram os esperados, porque os índios sempre foram livres na mata e não se adaptaram aos serviços forçados.
Igualmente os negros foram submetidos a violências, físicas e psicológicas. Também foram usados pelos colonizadores portugueses, que na sua maioria eram pessoas deportadas da sua pátria, pelo rei de Portugal, portanto, pessoas não gratas ao seu país.
Os negros, todos sabem, eram adquiridos como mercadorias, jogados nos porões infectos dos navios e trazidos para o Brasil sem opção, sem direito de escolha. Muitos morriam durante a viagem e eram jogados no mar, outros chegavam doentes e morriam no território brasileiro. Havia aqueles que contraíam o Banzo (estado depressivo forte, causado pela saudade da terra), e morriam logo, também.
Após 119 anos do suposto término da escravidão, uma parcela muito significativa dos afros-descendentes e de historiadores, lança uma polêmica sobre o dia 13 de maio que teria sido um ato político e até demagogo, pois declarava livres aqueles escravos, mas não lhes dava condições de caminhar com as próprias pernas. Essa mesma corrente defende que mais importante de que a Lei Áurea foi à revolta dos negros, através dos seus redutos, os “Quilombos”, verdadeiras fortalezas construídas no meio das matas. Eram formados por grupos que se organizavam para tentar uma vida independente e Zumbi teria sido o mais importante líder negro que se destacou a frente do Quilombo de Palmares. Este, segundo a maioria dos nossos historiadores, teria sido o maior refúgio dos escravos, onde Zumbi dos Palmares e seus companheiros lutaram bravamente até serem vencidos pelos bandeirantes comandados por Domingos Jorge Velho.
Hoje, afros-descendentes vinculados a determinadas ONGs e aliados a alguns partidos políticos, tentam fazer cumprir a lei federal nº 10.639/03 que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro – Brasileira, nas escolas, e tomara que esse movimento não seja transformado em ato político de uso demagogo e eleitoreiro como muitos fizeram da data de 20 de novembro, considerada o Dia Nacional da Consciência Negra.
O uso demagógico de certas datas, leis e outras situações têm feito com que, atualmente, o tráfico internacional não seja mais de pessoas escravas, que lutavam pela liberdade do corpo. Mas sim de drogas, que escravizam as pessoas tornando-as incapazes de lutar até pela liberdade da alma. Estamos à mercê dos traficantes internacionais e nacionais, que ditam regras de condutas e controlam favelas, bairros, cidades, até quando estão dentro dos presídios bem protegidos, e sustentados por nós. No futuro certamente controlarão o país, isto é, se nós não fizermos nada contra isso. Será que hoje já não somos escravos dos traficantes? Sim, porque, se pensarmos bem verificaremos que em razão da criminalidade já não podemos andar livremente pelo nosso território, sair a qualquer hora de casa, e somos forçados a restringir nossa liberdade em muitos aspectos.
E o Congresso Nacional, que é composto por pessoas “escolhidas” por nós, para nos representar, parece ter se transformado, também, num reduto onde se legisla em causa própria, aumentando os próprios salários a valores exorbitantes, e para tanto aprovando ou criando novos impostos. Tiradentes e os Inconfidentes Mineiros, na época se rebelaram contra o governo português pela cobrança do “Quinto”; imposto sobre a mineração, o qual representava 20% da extração das riquezas minerais.
O caro leitor já parou para calcular de quanto é a nossa carga tributária hoje? Já parou para pensar quantas horas de trabalho forçado temos que fazer para pagá-la?
Finalizando eu perguntaria:
“A escravidão, de índios, negros, amarelos ou brancos, realizada por pessoas que lucram com ela, acabou?”.
“Liberdade, ainda que tardia”
“Libertas quae sera tamen”
João Francisco R. Brotas – Capitão
Diretor / Nupep Cultural