Crime e Pecado

Crime e Pecado

O Papa Francisco, no início do papado, das alturas, dentro de um avião, teve a felicidade de fixar jurídica e moralmente as implicações do crime e do pecado para os cristãos. Naquela oportunidade o Santo Padre foi categórico ao afirmar que crime cometido, ainda que arrependido, será punido, enquanto o pecado, na ânsia do remorso, será perdoado!

O Papa Francisco respondia a indagações da repórter sobre pedofilia, um pecado e um crime de natureza sexual.

A pedofilia é perversão. Do ponto de vista psicológico uma falha no desenvolvimento, que mantém o impulso sexual fixado no modo infantil, e o pedófilo se realiza predominantemente com infantes e incapazes.

A pedofilia é pecado. Para o cristão, a dimensão fantasmática do desejo sexual por objetos infantis é pecado.

A pedofilia é crime. Para a sociedade, a volúpia da realização do impulso, o sexo com crianças, adolescentes, incapazes, vulneráveis, fragilizados de qualquer idade ou sexo é crime. E crime hediondo.

Imagino que a santa sabedoria papal, lá do alto, sinalizava para o seu rebanho que a imperatividade do impulso sexual, inadvertidamente, encaminha para o pecado, no entanto, a infinita misericórdia divina perdoa, mas, alertava, o crime sexual deve ser punido!

Diferentemente da repórter, neste instante, não estou tão interessado nos crimes de natureza sexual, ainda mais que concordo com o Santo Padre, eles são condenáveis e devem ser punidos com o rigor da lei, tamanho os estragos que produzem nas vidas de suas vítimas.

A minha especulação é em relação aos apelos sexuais, que estão por trás dos pecados capitais, causadores de sofrimentos intermináveis, inapeláveis invasores das mentes cristãs, com fantasmagorias pecaminosas.

A mente tem uma dimensão, um modo de funcionamento que despreza, ou desconhece razões, concretitude. Dois exemplos simples, à criança pequena basta o lençol de coraçãozinho para sentir tranquila, enquanto a mamãe dorme no outro quarto com o papai; do mesmo modo, não precisa ser violentada para vivenciar angústia e desespero por desejar se intrometer na intimidade de papai e mamãe!

A mente tem a mania de misturar fazer com desejar fazer.

Quase sempre, as pessoas cristãs sofrem por desejar pecar, quase nunca por ter pecado!

O esforço do adulto é justamente reeducar a mente para que ela seja capaz de estabelecer a diferença entre realidade e imaginação, entre desejar e realizar.

A mente necessita de acreditar no que Jesus ensinou: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”, de aprender a ser tolerante com o pecado fantasioso e compreender que a punição é devida quando o desejo se realiza de maneira criminosa.

Palafraseando Jesus: vá, peques, mas não cometas crime!

João dos Santos Leite

Psicólogo – 04-2674

27/05/2015

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 27/05/2015
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