— Nana...
— Quê que foi, Pepê?
— Esse seu perfume novo...
— Hum... Quê que tem? Cê não gostou?
— Não, não é isso, mô!
— Jura?
—Juro, juro! Esse cheirinho é uma delícia!
— Tá bom, Pepê! Então é o quê?
— É a situação, mô...
— Que situação, Pepê? Fala!
— É que... Bem, esse perfume é meio... Sei lá, Nana... Ele prega, né?
— Prega? Hum... E aí?
— Aí, que a Emília pode perceber...
— Ah! A Emília! Tinha que ser sua mulher!
— Pois, é... A Emília tem um nariz! Pega tudo no ar! Perfume de mulher, então!
— Peraí, Pedro Paulo! Quer dizer que não posso usar meu perfume, porque...
— Sim, Irânia! Nosso amor é no sigilo! Cê esqueceu?
— Sigilo! Si-gi-lo! Que palavra bonitinha, Pepê! Obrigada, tá?
— Obrigada? Não entendi...
— Não? Tô lhe agradecendo por não dizer na bucha que sou sua amante!
— Amante! Que isso, minha linda!?
— E não sou? Não sou amante? Sou o quê, então, hein? Diz aí, Pedro Paulo da Costa!
— Ai, meu Deus! Começou!
— Começou, o quê? O assunto que cê não gosta, né?
— Não gosto mesmo, porque a gente acaba brigando.
— Ah, cê não gosta de briga! Que bonitinho!
— Aonde cê quer chegar, Irânia?
— Aonde cê nunca quer! Tem 10 anos que cê me esconde, Pedro Paulo! Tá pouco?
— Irânia! Cê sabe que minha vida é complicada...
— Sei! Sei sim! Sua mulher, seus filhos, blá blá blá... Ah, cansei, viu?
— Cansou?
— Cansei!
— Tá bom, Irânia... Cansou, cansou. Quem sabe é melhor eu não vir mais...
— Oi?
— Sim, eu não venho mais... A gente acaba com isso.
— Peraí... Também não é assim, Pedro Paulo...
— Não?
— Não, afinal, eu sempre fui pelo diálogo. Não é isso que cê reclama na Emília? A falta de diálogo?
— Ah, isso é! A Emília é uma porta!
— Tô de falando, uai! A pessoa não pode ser assim, Pepê!
— Também acho, Nana! Ah, que bom que cê é da paz, mô!
— Da paz, sim, pela paz de nós dois...
— I Love you, viu? Mas... E o perfume? Como é que a gente faz?
— Eu tenho uma ideia...
— É? E quê que tá pensando essa cabecinha de ouro?
— Que se a Emília encrespar cê vai falar que o perfume é da Teresa Maldonado Arruda Pereira Saviani.
— Da DonaTeresa? Da minha patroa?
— E não? Pensa bem, Pepê... Cê é motorista da socialaite mais cheirosa do Planeta, esqueceu? De tanto levar ela pra cima e pra baixo, o cheiro pregou!
— Nana! Palavra do Dadá Maravilha: cê achou a solucionática da problemática! Que maravilha de mulher!