O homem e a rotina Tic Tac

Tic Tac. Como é interessante o ser humano. Nas ruas, às vezes paro para observar (tic) e vejo pessoas que passam de um lado para o outro sem nada perceber (tic tac). Não veem ninguém, não ouvem nada - a não ser o barulho dos carros e outros sons comuns ao cotidiano (tic tac). Estão tão apressadas para chegarem aos seus destinos, na hora certa (tic tac): trabalhos, escolas, consultas, casas... O interessante é que cada uma carrega no olhar e ombros o mesmo peso e intensidade de rotinas que as tormentam. Só têm uma coisa em mente: se é dia ainda, que acabe logo para o descanso e para que o próximo seja melhor (tic tac); se é noite, que possam ir logo para suas camas e ter uma noite maior de sono (tic), pois o dia seguinte começará antes que possam piscar os olhos (tic tac tic tac tic tac tic tac). O ponteiro do relógio é tão insensível... Não para de trabalhar nunca (tic tac tic tac tic tac). A gente tem de seguir. Lamentável. E digo isso por perceber que eu não sou diferente. A correria é tão grande para todos, que ninguém escapa do mecanismo diário. Parques, verde, natureza, melodia parecem não existir no mundo real, apenas os apaixonados se dão a oportunidade de admirar belezas que, se o amor não estiver no ar, não são percebidas. Os homens vivem em função de (tic tac tic tac tic tac). O mundo real está para a loucura diária (tic tac), como a beleza para a fantasia. Refletir, admirar parecem ações apenas dos nossos antepassados. Para eles, o mérito de descobertas como "o sol não gira em torno da terra"; para nós, a construção de edifícios... Que difícil!Claro que são momentos e necessidades diferentes (tic E tac), mas o sol não deixou de iluminar, nem a lua e as estrelas deixaram de brilhar. Então a questão é: por que o homem e sua essência mudaram? Ou a pergunta certa seria: por que hoje as horas, os minutos e segundos passam tão diferentes de ontem? Tic Tac. Tic Tac. Tic Tac. Tic Tac. Tic Tac.

(30/11/2014)