O GENERAL

Logo depois do golpe de 64, um comerciante de Arcoverde, dono de uma loja até grande, foi acometido pelo surto revolucionário e transformou sua casa de comércio numa espécie de QG matuto da "Revolução". E sua residência em hotel e restaurante para os graúdos da nova ordem, especialmente militares. Fosse quem fosse. Ele além de bajular qualquer meganha afinado com o golpe, ainda delatava pessoas. Era o comandante civil matuto do golpe na terrinha.

Raro o dia que não oferecia um regabofe a um militar, um tira ou uma "otoridade" golpista, Deu banquete para o delegado, para o sargento do Tiro de Guerra, para os vereadores que cassaram colegas esquerdistas, para tiras que prenderam meia dúzia de comunistas...

Mas esse tipo de verme sempre cai no ridiculo. Certo dia um gozador que era funcionário do Dnocs, um cara que era nacionalista mas passara despercebido no pega pra capar, passou na lojja do comandante e perguntou: "Oxente, fulano, você não foi receber o general que chegou na cidade? Ele está no bar do cinema com um grupo de pessoas". O sujeito fechou a loja no mesmo instante, nem dera ainda meio-dia, pegou o Opala e foi até o bar. Realmente lá estava sentado numa mesa um cara vestido de general, cheio de divisas, galões, quepi e o escambal tomando cerveja com um grupo de pessoas. O comerciante não teve dúcvidas, "sequestou" o general e levou-o para sua casa. Mandou fazer um banquete a capricho no Hotel Majestic e até os garçons foram a sua casa servir o general. No meio do regabofe, o comerciante contentíssimo perguntou à alta patente: - General qual é o quartel que o senhor comanda na capital?". O general riu e respondeu: "Eu não comando nenhum quartel, doutor, eu sou apenas o mestre da Banda de Música de Belo Jardim que vai se apresentar hoje na Praa da Bandeira aqui em Arcoverde". Continuaram comendo mas o comerciante ficou jururu. BNão se sabe se foi à apresentação da Banda de Música. Pelo visto nem só Blecaute foi o General da Banda.