TRAÍDO PELO GONGO

Dizia ele: "Hahaha! Tenho que fazer um negócio fudidaço mesmo, senão amanhã já tenho dezoito e não dá mais; e o que vão dizer os amigos do crime?" Armou-se de revólver e saiu. Já passava das 23 horas quando viu uma moça dando sopa pro azar, em um lugar hermo. Abordou a vítima, arrastou para o mato e além do estupro a assassinou. Duas testemunhas viram e o moço foi pego em flagrante quando tentava fugir; a polícia chegou quase a tempo de impedir a barbárie. Ele falava de peito aberto: "sou 'dimenó' e amanhã mesmo vou estar livre de novo, foi ela que deu sopa com essa ropinha!". A culpa era dela. Ao chegar na delegacia gritando e zombando que era dimenor, o delegado disse: "o senhor está preso pelo estupro e assassinato da jovem fulana; tem o direito de ficar calado e tudo o que disser, pode ser usa... Era horário de verão e ele não tinha adiantado o relógio... Coitado do assassino; vítima do sistema, do horário, da burrice, de tudo...