FUSCÃO PRETO
Faz muito tempo, acho que uns 30 anos. Assim vão desculpando algo que sair contrariando o politicamente correto. Eu era bancário num banco estatal, no interior de Pernambuco. Certo dia chegou na agência uma funcionária transferida de Recife por problemas com a administração daquela agência. Era uma morena gorda, negra, risonha, engraçada, espirituosa e que falava pelos cotovelos. Foi trabalhar no meu setor, o rural. Na apresentação, o gerente reuniu a equipe, disse algumas palavras sobre ela, já a conhecia, seu nome, Josefina, mas ela aparteou rindo e emendou - Mas podem me chamar de Fuscão Preto, é como me chamam no Recife e eu nem ligo, até gosto. Mas os funcionários se dividiram, alguns chamavam-na pelo apelido, mas eu e outros apenas de Jôsi.
Ela tinha uns problemas financeiros, era muito gastadeira, mas tirava isso de letra, sempre acertava suas contas. O seu maior problema era ter o intestino preso. Era sua via crucis, passava dias sem... Ela que era alegre or natureza ficava triste e contagiava a gente, algumas colegas até acendiam velas para ela conseguir... Tempos depois, graças a um regime duro passado or um medico da nossa cidade, ela ficou quase boa. Mas no tempo difícil em que o intestino parava mesmo, há um causo que ficou inesquecível. Era uma quarta-feira, dia da feira da cidade, nesse dias a agência ficava abarrotada de clientes, sobretudo do campo. Jôsi trabalhava fazendo as papeletas dos recimentos de prestaçoes dos empréstimos rurais, algo simples mas trabalhoso, sobretudo nesses dias. No pico do expediente, eis que Jôsi precisou ir ao sanitário, naturalmente que entendi que o caso iria ser demorado, deixei de tomar as propostas e de e atender os clientes para ffazer o grabalho dela, as papeletas de recebimento de parcelas de empréstimos. Passou meia hora, uma hora, hora e meia, duas horas e... nada de Jôsi voltar. De repente ela apareceu no pedaço, toda suada que nem tampa de chaleira mas rindo e gritou a plenos pulmões: - Pessoal, CAGUEI! Todos cairam na gargalhada. Que saudade de Jôsi, a nossa Fuscão Preto, com todo respeito.