ATO - Atendimento Técnico à Obra - causos
Nosso setor mínero-metalúrgico encontra-se em baixa e “nosotros” que somos da área, passamos por dificuldades com o emprego em queda livre.
Depois de muita reza e promessas diversas para São Judas, Santo Expedito – o das causas impossíveis – à procura de recolocação, aqui estamos nós, ¹ há milhas e milhas de distância de casa, para ajudar na implantação da Oficina de Vagões da Vale em Pequiá - Açailândia – MA, ainda que de forma temporária.
Nossa equipe do canteiro de obras é formada por Aroeira, da mecânica – este que assina-, Josimar (Chatão) da tubulação - não arrisque chamá-lo de Josi - e Walmir da civil, velhos companheiros de trabalho da década de 80 e por último um jovem de uma Nova Era, forte, o paquito Ivan Pastor, da instrumentação – disciplina indispensável, além de necessário em nosso meio não só pra quebrar a irreverência, como pra não deixar-nos cair em total abandono. Disse que vai embora da cidade falando inglês fluente.
Mas deixemos isto de lado e vamos que vamos. Siga “la pelota”.
Dia desses, debaixo de muito sol, poeira e roupa azul de manga comprida, eu falava com os colegas de uma situação a qual julgara de injusta e arbitrária, quando sem mais nem menos, entra na conversa o seu Walmir; careca tipo coroinha, nariz redondo, olhos saídos, fala metálica, botina lustrosa, morenim chestroso, queimadim de praia com tendência a clarear.
Arranca seu minúsculo celular e vai logo dizendo:
- vou ligar no ATO pro ²Amintão.
Num vai ligar pooomba nenhuma! – falei.
Cê num perde aquela velha mania de resolver tudo, pra todo mundo, né?
Aqui não! Aqui não é Zeca Pagodinho “vida leva eu”.
Aqui “vida levo eu!” rapaz.
Bati forte na direita gritando: - aqui é ³Aroeira.
Cravei um forte soco e um karatê na mesinha de café – instalada dias antes em nosso acanhado container de trabalho.
Tá certo que doeu mais de semana, mas putz cara; quase quebrou o tampo, óh!
A turma caiu em gargalhadas num riso fácil, mas só depois de passado todo o espanto.
Também não era para menos já que partira de alguém de voz baixa e fala mansa, aquela súbita e inusitada reação.
Trancamos gavetas, fechamos a porta à caminho da Duster e encerramos a jornada do dia.
Rsrsr...
¹ - isto tá parecendo o Conjunto Blitz – Evandro Mesquista,
25 anos atrás
² - Amintas Neto – ATO Zeppelin - secretário-mor do Clóvis – (morcego) um grande caratinguense (MG.) de
aproximadamente dois metros de altura.
³ - madeira de cerne durável, imputrescível, considerada a mais resistente do Brasil.
No interior de Goiás fala-se que “aroeira” dura a vida toda,
mais 100 anos.
- meu apelido no futebol Vale Brucutu.
Nosso setor mínero-metalúrgico encontra-se em baixa e “nosotros” que somos da área, passamos por dificuldades com o emprego em queda livre.
Depois de muita reza e promessas diversas para São Judas, Santo Expedito – o das causas impossíveis – à procura de recolocação, aqui estamos nós, ¹ há milhas e milhas de distância de casa, para ajudar na implantação da Oficina de Vagões da Vale em Pequiá - Açailândia – MA, ainda que de forma temporária.
Nossa equipe do canteiro de obras é formada por Aroeira, da mecânica – este que assina-, Josimar (Chatão) da tubulação - não arrisque chamá-lo de Josi - e Walmir da civil, velhos companheiros de trabalho da década de 80 e por último um jovem de uma Nova Era, forte, o paquito Ivan Pastor, da instrumentação – disciplina indispensável, além de necessário em nosso meio não só pra quebrar a irreverência, como pra não deixar-nos cair em total abandono. Disse que vai embora da cidade falando inglês fluente.
Mas deixemos isto de lado e vamos que vamos. Siga “la pelota”.
Dia desses, debaixo de muito sol, poeira e roupa azul de manga comprida, eu falava com os colegas de uma situação a qual julgara de injusta e arbitrária, quando sem mais nem menos, entra na conversa o seu Walmir; careca tipo coroinha, nariz redondo, olhos saídos, fala metálica, botina lustrosa, morenim chestroso, queimadim de praia com tendência a clarear.
Arranca seu minúsculo celular e vai logo dizendo:
- vou ligar no ATO pro ²Amintão.
Num vai ligar pooomba nenhuma! – falei.
Cê num perde aquela velha mania de resolver tudo, pra todo mundo, né?
Aqui não! Aqui não é Zeca Pagodinho “vida leva eu”.
Aqui “vida levo eu!” rapaz.
Bati forte na direita gritando: - aqui é ³Aroeira.
Cravei um forte soco e um karatê na mesinha de café – instalada dias antes em nosso acanhado container de trabalho.
Tá certo que doeu mais de semana, mas putz cara; quase quebrou o tampo, óh!
A turma caiu em gargalhadas num riso fácil, mas só depois de passado todo o espanto.
Também não era para menos já que partira de alguém de voz baixa e fala mansa, aquela súbita e inusitada reação.
Trancamos gavetas, fechamos a porta à caminho da Duster e encerramos a jornada do dia.
Rsrsr...
¹ - isto tá parecendo o Conjunto Blitz – Evandro Mesquista,
25 anos atrás
² - Amintas Neto – ATO Zeppelin - secretário-mor do Clóvis – (morcego) um grande caratinguense (MG.) de
aproximadamente dois metros de altura.
³ - madeira de cerne durável, imputrescível, considerada a mais resistente do Brasil.
No interior de Goiás fala-se que “aroeira” dura a vida toda,
mais 100 anos.
- meu apelido no futebol Vale Brucutu.