POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA
NEUZA MARIA SPÍNOLA – BELO HORIZONTE – Publicado no www.atribuna.info 03/01/2006
POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA
Estamos passando por um tempo em que a crise moral envolveu os representantes do povo, lesando a credibilidade do sistema político brasileiro e a do próprio país.
Diante dos últimos acontecimentos políticos, ficamos tentando superar o desencanto e a decepção que alguns de nossos representantes nos causaram, principalmente porque isto tudo paralisa todos os projetos mais urgentes destinados ao trabalho social com a população mais carente.
Vimos há três meses que foram gastos com um plebiscito, R$ 274.000.000,00 (Duzentos e setenta e quatro milhões de reais) de custos diretos para resolver um problema que os nossos políticos não conseguiram resolver; dinheiro esse que poderia ter sido aplicado em coisas mais nobres como a saúde, habitação ou na própria segurança.
Tudo isto retirado do dinheiro do povo, que nem percebe até que ponto está sendo lesado. Tudo isto, além do tempo e da obrigação que o povo passa a Ter, de ir às urnas, perder uma parte do seu domingo; ir de carro, de ônibus e em alguns lugares, até de canoa, gastando do seu parco salário para votar e resolver um problema que deveria ser resolvido pelos políticos que lá estão ganhando altos salários para trabalhar e tomar decisões em prol da população. Certamente estariam ganhando um belo extra, se fossem obrigados a se reunir num domingo, além das despesas com hotel e deslocamento(tudo pago por nós).
Por outro lado, o emaranhado de informações através da mídia nos deixa meio perplexos, e muitas vezes, antes mesmo de acontecerem, muitos fatos foram divulgados sem se certificarem da veracidade deles, ou antes que se desse aos acusados o direito de defesa. Isto demonstra, antes da informação verídica, a necessidade de se fazer sensacionalismo sem haver a preocupação principal que é o nome e a honra da pessoa a quem se atinge.
As Leis de Diretrizes Orçamentárias dos Estados, dos Municípios e da União têm prioridade e comissões populares terão responsabilidade de fiscalizar o cumprimento e a execução delas para se desviar quaisquer meios de descumprimento das metas estabelecidas.
Mas será que estas comissões não serão mais um meio de desviar e se provocar meios de corrupção?
Antes, é preciso ir à raíz dos males que atingem nossa sociedade. As manifestações de corrupção indicam uma crise dos valores que precisam ser enfrentados para se conscientizar o povo para a cidadania e o respeito com a coisa alheia.
A cobiça doentia por bens materiais e riqueza, a concentração do capital nas mãos de minorias mais favorecidas, o mal que destrói a consciência das pessoas aliada à geração de violência, tudo isto é prova suficiente de que a sociedade vem se despencando para atitudes bem fora dos reais princípios de moralidade.
O melhor antídoto para o veneno que se espalha entre as veias da sociedade é a educação das nossas crianças e jovens ao retorno dos valores morais, à valorização do seu semelhante como ser humano igual que é, o respeito aos direitos individuais, a solução pacífica dos conflitos e a preparação de uma nova sociedade capaz de promover o bem comum, sem tanta corrupção e sem tantos excluídos.
O trabalho social e voluntário, a preocupação com o futuro da nação através das crianças, o respeito para com os idosos que já deram seu sangue para o sustento da família e para a criação de seus filhos, a luta pelos direitos humanos básicos dando aos pobres condições de trabalho e de dignidade; tudo isto formará no cidadão a consciência e o respeito para não usurpar do seu direito e da sua liberdade em detrimento do sofrimento do outro cidadão que merece o mesmo respeito e as mesmas prerrogativas de vida.