SÓ SAI, NÃO ENTRA

Fui durante muito tempo, 30 anos, funcionário do BNB, lidava com o crédito rural, assim conheci profundamente os homens do campo da Região que fica no fim do agreste e começo do sertão de Pernambuco. Guardei várias histórias e causos na mente. De vez em quando recodo um deles.

Lá vai um: havia em Sanharó um pequeno fazendeiro de pavio muito curto, franco, direto, encabulado e muito engraçado. Quando ele pintava no pedaço todos se acercavam, para ouvir seus disparates, zangas e causos. Era uma festa.

Mas numa certa época ele adoeceu, um problema, parece, de infecção urinária. Os filhos, caras de certo poder aquisitivo e que moravam na cidade de Pesqueira, resolveram levá-lo para um grande urologista no Recife, no Hospital Portguês. Pois bem, quando ele chegou e foi atendido, o médico resolveu fazer o teste do toque retal. Preparam o cara, aí quando o médico com a luva afirmou como seria o procedimento, o velho afirmou zangado: "Doutor aí só sai, não entra!". E fim de papo, não fez o exame. Quando chegava no banco e contava esse causo, acrescentava: "e eu era doido, menino, o doutor tinha um dedão danado de grande!". Não sei de que ele morreu. Mas era auma figura,