Eu tenho Macho!
Por força das circunstâncias Maria e Mara estavam convivendo quase que diariamente, mas não tinham ainda nenhuma intimidade, apesar do convívio cordial. Naquele dia havia surgido uma oportunidade e lá estavam elas estreitando as linhas divisórias do conhecimento uma da outra. Maria, arredia, estava se deixando levar pelas circunstâncias apesar do receio de destravar a língua e falar coisas que não devia. Ela sabia que, quando estava muito cansada, se tornava vulnerável. Mas Mara muito disposta, sustentava a conversa. Puxou um assunto, e outro e mais outro e Maria foi expondo seus pontos de vista sem o necessário crivo do raciocínio que, felizmente muita coisa censura.
Num determinado ponto Mara bate no peito e joga a seguinte frase:
- Porque eu, eu tenho Macho! E insistindo, batendo no peito novamente, daí pra frente, repete mais algumas vezes a mesma frase. - Eu tenho macho!
Maria, sentindo-se incapaz de processar aquela informação naquele momento, limitou-se a olhar fixamente para a outra, tentando perscrutar em seus olhos, o que realmente queria dizer com aquilo.
Bem, depois de quase duas horas de conversa, despediram-se e Maria se foi com aquela frase na cabeça. Passados o cansaço e o tempo Maria nada conclui sobre a tal frase que continua lhe martelando a mente. Mas uma pergunta lhe brota do pensamento:
- Não seria machismo?!