F R A N Ç A I Z I
Há alguns filmes que sempre volto a assistir. Todo mês pego o DVD e boto no vídeo e reasisto. Um deles é Cinema Paradiso, de Tornatore.
Nele ha uma cena que me faz rir demais. É a cena de uma aula de matemática. A professora, durona paca, chama um aluno "tapado" e faz com ele uma sabina de tabuada. Toda vez que ele erra ela, pasmem, bate com a cabeça do pobre no quadro-negro. Recomeça a sabina com a tabuada de cinco, quando chega do cinco vezes cinco, o infeliz dá branco total, mas um colega solidário, o Totó, da sua banca pega um livro e mostra a figura de uma árvore de Natal, insinuando que a resposta é vinte e ecinco, o dia do Natal, óbvio e ululante. O sabatinado se alegre e responde eufórico que cinco vezes cinco é, pasmem, Natal. A professora bate a cabeça dele no quadro-negro.
Quando vejo essa cena recordo de um colega do ginásio em Arcoverde, tão malandro quanto eu, mas completamente bronco para o aprendizado das línguas. A gente chamava ele de Vavá da Jega, isso devido a a amizade profunda do cara com uma jega apelidada de Maria Antonienta Ponds (uma rumbeira, se não me engano, dos filmes da Pelmex, a produtora do urubu voando). Mas Vavá perdeu esse apelido, um apelido tradicional, graças ao nosso professor de francês, um sujeito muito clto e especialista na matéria que ensinava. Ele nos forçava a pronunciar "français", francé, fazendo biquinho,, roçando a língua nos dentes, de forma afrescalhada. Alguns até conseguiam. Mas anão Vavá, o professor ensinava, ensinava, ensinava... e Vavá só pronunciava aportuguesado na forma como falam os sertanejos "FRANÇAIZI", como também só dizia maizi. O professor ficava nervoso, furioso, botava Vavá pra fora da classe, só não batia com a cabeça dele no quadro-negro, o aluno era narrrudo e disposto que só a gota serena. Resultado, de tanto rir começamos a chamá-lo de Françaizi, pegou, o Vavá da Jega desapareceu, ficou o Françaizi, mas, dizem, não perdeu o relacionamento com a jega Maria Antonieta Ponds. Faz uns 30 anos que não vejo Vavá, mas nunca esqueço dele, da sua dificuldade com o francês.