Uma família marcada pelo Dia das Mães
Efetivamente não sei dizer quando essa festa se iniciou em minha família paterna, mas posso afirmar que desde que comemorar uma festa passou a ser importante para mim, essa comemoração familiar promovida inicialmente pela minha avó paterna e agora seguida pelos seus filhos, netos e bisnetos é uma data marcante no calendário familiar e pessoal.
A festa em si sempre foi um momento divertido de encontro familiar, onde todos os meus tios (irmãos de meu pai) costumavam preparar com carinho homenagens à minha avó, havendo sempre poemas, risos e lágrimas das lembranças de infância deles, de épocas não vividas por mim ou qualquer de meus primos, onde esses sete irmãos contavam com brilho nos olhos as “artes infantis” que enlouqueciam “a mamãe”, as brigas típicas de irmãos, as características de cada um no meio familiar, enfim, fatos comuns à maior parte das famílias compostas por tantos filhos.
Entretanto, dois aspectos sempre me marcaram nessa festa: a união dos irmãos frente às inúmeras dificuldades atravessadas pela vida, e a gratidão eterna à minha avó pelo esforço que sempre empenhou para manter a família unida.
Quando eu era mais jovem e principalmente antes de ter a minha família constituída, apesar de gostar muito da festa e me emocionar com as declarações dos meus tios, não compreendia bem esses valores que eles sempre souberam expressar tão bem, onde independente de ganhos ou perdas, alegrias ou tristezas, tudo com o passar do tempo era superado e o valor de “estar em família” sempre falava mais forte, mantendo-os unidos (como ocorre até hoje).
Mas o tempo passou, vovó faleceu após uma longa e produtiva vida e resolvemos manter a tradição do Dia das Mães, onde o “bastão” das comemorações foi passado para nós da segunda geração, pois, como disse meu tio Francisco, “ nossa mãe se foi, mas as mães precisam continuar a receber homenagens”, e então o peso do tempo falou mais forte e os valores que nem percebemos que um dia recebemos, passou a ditar essa festa.
A cada ano a data é preparada com carinho pelas primas e primos (somos aproximadamente 20 ) onde apesar de todos já terem vivido dezenas de comemorações, sempre há um espaço na criatividade e na agenda para se dedicar a criação de um teatro, um poema, o resgate de fotografias antigas , com as nossas histórias , nossas travessuras, brigas e disputas infantis, típicas de famílias unidas com muitos primos. Agora, as homenageadas ora são nossas mães, ora somos nós mesmas, onde por vezes surgem lágrimas, outras vezes muito riso, mas onde estamos sempre juntos.
Em breve teremos mais um Dia das Mães e a maior mensagem que pude receber em todos esses anos de “festa em família”, é que envelhecer de forma sadia não depende só da saúde do corpo, mas principalmente de uma mente alegre, que aprenda a viver bem cada dia, mês, ano e década, para sempre ter história para contar, porque a lição nos foi ensinada há muito tempo e os valores enraizados na alma tem mostrado que o corpo pode perder suas formas mais firmes da juventude, as articulações podem enferrujar e a coluna arquear, mas com alegria, amor e uma família forte e unida, o brilho da vida jamais se apagará.
Susana Bueno de Souza