Na barca de Paquetá
Às vezes penso tanto! Sinto e sei que a vida se concretiza, para cada um, de um jeito tão diferente, que de tão semelhante, nem se nota a singularidade das vidas. Ouço das pessoas seus sonhos de ser e realizar, porém, mais fortes são os pesadelos reais que as impedem de acreditar. Num dia conheci o Artur; hoje, conheci a Heloísa. O rei Artur, Abelardo e Heloísa. Ouço suas histórias nas barcas da vida e encontro clássicos personagens homônimos, com histórias distintas. A Noviça mostra sua rebeldia na maneira enfática de sua resposta: “tenho que rezar muito!”, quando indagada por uma estranha: “o que você pensa da vida religiosa?”; a ex-juiza, justiceira, sustenta os sonhos de um garoto desde seus quinze anos, estando já com vinte e um. Personagens habitam nossa cidade maravilhosa e a qualquer instante são revelados pela curiosidade quase infantil de uma adulta sonhadora. É ...na barca de Paquetá solto minha criança, e ela brinca... e dorme... e conversa... e conhece... e se interessa... e desperta!
1997